terça-feira, 28 de julho de 2009

Primeira pessoa do singular

Dificilmente me pego em um dia disposto a escrever sobre mim, sobre o que eu sinto ou deixo de sentir por conta de qualquer coisa. Prefiro, em geral, conversar ou calar-me a espera de alguém que me faça rir um pouco ou acabar deixando pra lá. Calei-me e não vi resultado positivo. As poucas pessoas que me fazem esquecer o que eu não preciso pensar, infelizmente não estão presentes no momento. Restou-me a escrita.
Cheguei há pouco da rua, o tempo virou. Vejo da janela uma chuvinha fina e fria querendo engrossar, um vento sudoeste fortíssimo. Nesse mesmo momento tomo um café quentinho pra me aquecer e saciar meu vício. A vontade de fumar um cigarro só não se faz saciada por não ter um em meu poder. Embora toda essa situação que eu me encontre seja bem agradável e relaxante, o que se passa dentro da minha cabeça está longe de se tornar tão boa quanto. Não me sai da cabeça a idéia de como a gente tem tanto poder de determinar nosso futuro em certos momentos que parecemos ser incapazes de fazer alguma coisa. Não me sai da cabeça o desgosto de não ter tomado certas atitudes e nem o de ter evitado outras. Não me sai da cabeça o fato de eu não ter seguido a minha velha ideologia de ter calma sempre, mesmo nos momentos mais difíceis.
Eu tomei consciência de uma coisa hoje: Tornar-se positivamente importante pra alguém é livrar-se do terror da solidão individual, pois mesmo quando estamos a sós, podemos sentir o conforto dos pensamentos de quem nos quer bem. É lindo, nobre. Quando isso se inverte e nossa importância passa a ser negativa, nem mesmo no lugar mais belo do mundo estamos em paz. E se Deus é energia, dessa vez nem mesmo ele sabe o quão ruim isso é.
Eu tomei consciência também de que não adianta a gente tentar ser mais do que é. Errei em acreditar no contrário e por esse motivo, por tentar ser mais do que eu poderia ser, não consegui ser nem mesmo metade do que eu realmente sou.
Não sinto, hoje, a paz de estar em par com Deus.