sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Redação nota 10,0 UFF 2007 - as possibilidades de leituras das linguagens do corpo

O silêncio que fala

O homem, em sua forma mais primitiva, expressava-se com uma linguagem pouco aprimorada. O corpo, a priori, cumpria diversas funções comunicacionais, já que a escrita era rudimentar. Hoje, o mesmo assume outras possibilidades expressivas diante da evolução da linguagem. Assim, essa tende a transmitir cultura, tendências e até mesmo paradoxos comportamentais. O corpo fala várias línguas.

Na grécia antiga o corpo era o templo que ilustravaos principais valores da época, como proporcionalidade, agilidade e frugalidade. Na contemporaneidade, é dado um foco excessivo à forma, o que deturpa os fins comunicativos do corpo. Embora pareca determinista, as possobilidades de leitura das linguagem corporais ficam limitadas à manipulação involutiva da estética. Muito músculo e pouco cérebro deixa o corpo grego analfabeto. O corpo está para a perfeição.

Diante dessa lógica, há um superexploração midiática da sensualidade. Nesse sentido, toda a libidoque foi maquiada volta à cena por meio de uma apelação excessiva. Essa revela que o homem exteriorizou seus desejos, utilizando seu corpo comoinstrumento de exposição desmesurada. A forma humana, então, é estimulada com um investimeno para a obtenção do retorno aos prazeres instintivos mais primitivos. O corpo está para a cultura da sexualidade.

Antagonicamente, pode-se observar uma grande distância entre o ato e a verdadeira intenção de quem o produziu. Em uma realidade de fluidez dos valores morais, uma expressão acaba por ser relativizada, repercurtindo em resultados distintos a que foram reservados. Um aperto de mão não é mais garantia de lealdade, desnorteando a compreensão humana dessas representações. O corpo está para a cultura da incerteza.

Não há, dessa forma, uma gama de possibilidades de interpretação do que o corpo expressa,pois essa está restrita a um leque de opções manipulador da sociedade. Em um passado remoto, as expressões corporais eram marcadas por uma espontaneidade simplista. Hoje, são tomadas por artificialismos de intentos e ausência de princípios. A autemticidade deixou de ser característica. O corpo cala.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Redação à quatro mãos

WWW.sejalivre.com.br

Desde a idade antiga, na Grécia, a discussão sobre liberdade é corrente. Hoje, as coisas não mudaram em relação a essa discussão, porem, os propósitos e ideais, além do contexto histórico em que ocorrem, são completamente diferentes dos de antes.
Ao longo de grande parte da história, em muitos paises, liberdade foi sinônimo de uma grande utopia. Nos tempos do absolutismo, onde era legalmente aceito o imenso poder repressor do rei, a luta por liberdade era sinônima de rebeldia para uns e heroísmo para outros. A repressão era clara e intimidadora. Logo, a liberdade como direito individual protegido pela lei, por muitos anos, simplesmente não existiu.
É fato que esse pensamento revolucionário é visto hoje, como um ato de heroísmo e alvo de idolatria. Visto isso e tomando como exemplo o Brasil, um país atualmente democrático, é notório que as lutas passadas são, em sua maioria, uma grande inspiração para o sentimento heróico de quem hoje se diz lutar pela liberdade de seu povo. Entretanto, nos dias correntes não se vive a censura, se presencia uma relativa transparência na política e existe a plena proteção legal para o indivíduo. Percebe-se então, que a maioria das “lutas pela liberdade” não passam de buscas por atenção da mídia, de fontes de idéias sensacionalistas e egocêntricas, porque a liberdade existe, o que a população faz com ela é que precisa ser discutido.
Nesse sentido, é valido mostrar o quanto o individualismo e o consumismo são prioridades na sociedade. Como o estado hoje é constitucionalmente democrático e já foram conquistados inúmeros direitos referentes a liberdade, o mercado de produtos que vão desde a beleza à personalidade ideal predomina sobre o ideário dos indivíduos. Se quer ser loira, magra, alta, linda, gostar de musica pop, ler o livro mais vendido, ir ao shopping fazer sempre a mesma coisa. Onde está a liberdade nessa vida sem alternativas? Não está. Entende-se, portanto, que a massificação do consumo e de um comportamento ideal transformou a busca pela liberdade em mais um discurso sensacionalista vendido em uma página da internet.
A luta pela liberdade hoje, é vista como um ato de coragem e honra. Porém, pelos anos afora esse ato foi perdendo a sua essência. Hoje, luta é sinônimo de brigas. Ontem luta foi sinônimo de busca por ideais. A população é em geral, livre, mas não se dá conta disso. Quanto mais opções, quanto mais liberdade, mais o homem se preocupa com a sua individualidade consumista e menos se importa com as opções de divulgar suas idéias, de ser diferente, de não seguir padrões religiosos ou absolutistas. Hoje não se fala o que pensa, por que não se pensa.

domingo, 30 de novembro de 2008

Fim.

Todos, tudo, nada, alguma coisa, alguém. Qualquer coisa que exista, tem um fim. Nem sempre sabe-se quando, onde ou porque. Mesmo que seja apenas com a morte, mas existe um fim.
Existe um fim para tudo e até mesmo para o próprio fim. O que me corrói é, na verdade, ver o início do fim e não conseguir enxergar o final.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quem conta um conto, aumenta um ponto

Está aí. Finalmente chegou ao Brasil, com mais força do que nunca, o efeito do aquecimento global. Nos jornais, nas revistas e nos telejornais só se fala em alagamento na cidade de Santa Catarina. Porém, sensacionalista como é, a mídia não se importa em colocar como vilã dessa história a mãe da vida nesse planeta e impor a teoria de que o homem é a grande vítima. A teoria de que a natureza se mostra disposta a começar uma grande guerra.
Nada disso é real. Nos telejornais e programas de culinária da manhã (que sempre tem uma reportagem para terem uma imagem de programas com preocupações socioeconômicas) mostra-se o cenário da cidade sulista, que hoje mais parece um cenário de guerra: crianças chorando, pessoas desabrigadas, pouco estoque de alimentos, falta de energia e abastecimento de água potável, e por ai vai. O grande problema, porém, é o órgão de informação que é consumido pela população. Expor a fúria da natureza é o que basta para se ter picos máximos de audiência. Só é exposto ao telespectador àquilo que é de interesse da emissora e a prova disso é que a TV insiste em colocar nos noticiários as reportagens com crianças chorando, mães desesperadas dizendo que perderam tudo, pessoas colocando a culpa no governo por falta de estrutura para agüentar tal situação. Por outro lado, mostra-se no mesmo telejornal, um pouco antes de seu termino, como uma reportagem muito bacana e que chega a tirar um leve sorriso do Bonner e da Bernardes, o churrasco do gaúcho, que nada seria sem a queima do carvão. Mostra-se aquele consumidor feliz por ter comprado seu novo carro que consome uma quantidade absurda de gasolina. Mostra-se o grande avanço do Brasil em termos econômicos por ter encontrado a nova bacia do Pré-sal, onde a exploração do petróleo irá tirar o país da vigésima quarta posição para a oitava. Ah, mas isso é bom, trará empregos e tudo mais. E o meio ambiente, onde fica?
A mãe chora na frente das câmeras porque sua casa desabou. O programa culinário matinal, mostra o choro da dona de casa com uma música emocionante no fundo. Esqueceu de mostrar o dia em que ela teve que retirar a cobertura vegetal da encosta para construir a sua casa, ignorando as indicações da defesa civil. Mostra o homem reclamando das ruas alagadas, mas não mostra o próprio reclamando de quando não havia naquela rua, calçamentos e não mostra o mesmo homem jogando aquele papel de bala, tão pequeno e indiferente, no chão. Mostra a chuva caindo, mas não mostra aquele homem que hoje reclama das condições da cidade, que pegou o seu carro 4x4 super beberrão para ir a esquina comprar pão.
Ao contrário do que se mostra na televisão, a natureza não quer travar uma guerra com seus próprios filhos. O que acontece é que seus filhos iniciaram uma guerra civil, entre si. O que ele faz ao meio ambiente é voltado para si mesmo.
Ninguém se preocupa em fazer nada para melhorar as condições do planeta. Ninguém se importa em diminuir no possível as agressões ao meio ambiente. Querer dar um tapa e não querer tomar outro é, definitivamente, querer demais.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Oitava Série

-Senta aqui, minha filha. Por que você está com essa carinha triste?
-A pai, sinto-me mal. Eu faço tudo errado, estou perdendo meus amigos, minhas amigas. Parece que tudo dá errado às vezes.
-Eu entendo. Gostaria de lhe contar uma coisa que me ocorreu há mais de 20 anos atrás.
-Certa vez, no início da minha oitava série, eu marquei de ir com a turma ao cinema e depois passear para nos conhecermos melhor e melhorar a relação de todos na sala. Havia um menino novo que era meio esquisito, calado, tímido. Ele me chamou atenção. Fazia o estilo dos famosos nerds que são zoados o tempo inteiro.
Ao iniciar o filme, prestei atenção na atitude de todos para poder ter uma idéia de como as pessoas reagiriam às situações propostas pelos acontecimentos do filme. Ele se baseava na história de uma mãe que aparentemente, odiava o filho. Ela o espancava. Forçava o menino a trabalhar. Enfim, passava uma imagem de vilã durante toda a estória.
No final do filme, a mãe e o filho voltavam para casa andando e ao passar por um super mercado se depararam com um assalto. O dono da loja havia reagido e os assaltantes abriram fogo. Por azar, uma bala saiu de dentro da loja e atingiu o menino. Ele morreu. A mãe ficou sozinha e estava a esperar um outro filho de um pai desconhecido.
Todos odiaram o filme. Saíram chorando, e com raiva da estória terminar com a mãe que era a grande ‘vilã’ viva e o menino morto. Menos o tal do nerd, pois estava a sorrir. Curioso e a fim de puxar assunto, fui perguntar a ele se havia gostado do filme, pois era o único diferente do grupo, fora eu que não havia prestado muita atenção, pois me dedicava a olhar apenas os novos amigos. Ele abriu um sorriso e disse:
-Ora, meu caro. Estou sorrindo porque o filme me deu uma grande lição de vida.
Com isso, perguntei:
-Ora, mas qual lição pode-se tirar de um filme tão brutal quanto esse?
Ele sorriu e disse:
-Há sempre uma nova chance para melhorarmos, meu amigo.
Meses depois ele se mudou para outra cidade e nunca mais o vi.
Não sei se irá te ajudar, mas só gostaria que soubesse.
-Obrigado, pai.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Texto do Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.

"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes. Quem sabe até já se acostumou com elas. Começa com aquelas crianças famintas da África, aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele. Aquelas com moscas nos olhos. Os slides se sucedem. Êxodos de populações inteiras. Gente faminta. Gente pobre. Gente sem futuro. Durante décadas, vimos essas imagens no Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto. Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados. São imagens de miséria que comovem. São imagens que criam plataformas de governo. Criam ONGs. Criam entidades. Criam movimentos sociais. A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza. Ano após ano, discutiu-se o que fazer. Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta. Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, capicce? Extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta. Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo. Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse. Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome de quem já estava de barriga cheia."

domingo, 23 de novembro de 2008

Mais Uma Vez

Por muito tempo procurei evitar esse nosso encontro. Achei que não fosse ser bom para mim nos reencontrarmos por enquanto. Precisava viver a minha vida sem ter você como apoio novamente e pensei que seria bom ficar mais tempo sem te encontrar, mas me enganei.
Pois bem, aqui estou e gostaria de lhe contar o que se passa em minha vida desde o nosso último encontro.
Minha vida está uma merda! Não sei, acho que queria ser mais do que eu sou, ser visto pelas pessoas com outros olhos, sei lá. Eu não sei qual caminho devo seguir, o que fazer da minha vida e nem mesmo sei do meu futuro. Tenho sonhos, óbvio, mas não tenho planos para a concretização de tais. Olho pro mundo e vejo tanta desgraça acontecendo que me dá vontade de desistir de tudo e às vezes chego a pensar que a solução para mim seria o suicídio. Só não o fiz ainda porque não tenho coragem de fazer minha mãe chorar pelo resto de sua vida.
Pô, espera aí! Ninguém pode prever o futuro, já dizia o meu amigo dos conselhos amorosos. Ele está certo. Sendo assim, este senhor sentado nesse apartamento aqui ao lado também teve suas dúvidas e também não obteve respostas para qual caminho seguir. Ele simplesmente viveu. E está ai!!
Olha, tem um homem ali no calçadão admirando as belezas das árvores e o mais interessante é que ele se encontra em uma cadeira de rodas. É, talvez eu não seja tão incapacitado para desistir de viver. De certa forma, o que acontecerá depois que eu morrer? Não dá pra saber, né? Meu pai me dizia que era melhor apostar no certo do que me arriscar no que é apenas possível. Acho melhor continuar vivo e tentar melhorar minha vida.
Sabe de uma coisa, nosso reencontro foi ótimo. Você não precisou falar nada, só me ouvir. Acabei por descobrir que a minha vida não é lá tão ruim. Vim atrás de respostas e acabei encontrando conclusões. Não posso viver bem se, em todas as situações, eu sentir pena de mim mesmo. Não posso simplesmente fazer da minha vida um drama. Tenho apenas que me conformar de que esse drama todo é também parte da vida. Sei, é difícil! Mas olhando por essa janela e vendo como tudo que é natural é tão perfeito e como tudo no mundo tem uma função e que é em geral, desconhecida, o que me resta é apenas viver. Ao sair dessa sala, estarei mudando meu modo de vida. Não me interessa que todo mundo me ame, me interessa amar o mundo inteiro. A começar por você. Eu te amo, psicólogo.

sábado, 22 de novembro de 2008


Tem horas que o tudo parece perder a importancia, que a felicidade nao faz sentido.

Tem horas que o mundo parece estar fazendo armadilhas.

Parece que está todo mundo te testando.[E se estiver?Faço o contrário do que voce acha que eu vou fazer, mas nao é por que eu quero, é por que voce nao quer.E o que eu quero?Nao sei.Me perdi na preocupacao de nao ser quem voce quer que eu seja]

Tem horas que voce bate de frente com quem estava do seu lado.[Aí voce cai na diagonal.{No meio, em cima do muro, sem estar lá nem cá, com todas as emocoes para estar em todos os lugares, mas estando em lugar nenhum.}E quem estava do seu lado nem te viu.Aliás, quem te viu?Quem consegue te ver?Quem consegue entender o que nao foi dito?Quem consegue te ler ao contrário?]

Tem horas que o mundo todo nao parece ser a sua casa.

O seu corpo nao parece ser seu.

O seu desejo nao veio de voce.[Nem a sua fome sai da sua barriga.]

E voce nao consegue mais escrever na 1a pessoa, pois nem a 1a pessoa se refere a você.

Por que o dilema nao é só descobrir quem sou eu.
Mas pra onde eu vou sendo a coisa que eu sou sem saber como fui.
30/06/07

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mais uma história de amor, sangue e sonhos

Foto: Eros e Thanatos, Amor e Morte.

Tocou o sinal do intervalo. Teresa continuou sentada na sala e Raimundo foi para o pátio sem perceber que João o seguia.


João - nosso protagonista (ou antagonista?) - é o rapaz mais romântico entre todos os já sonhados por qualquer moça. Amava Teresa, já tinha planejado todo o futuro-com-ar-de-fim-de-novela que os dois iriam ter. O fato de eles nunca terem conversado era uma detalhe! Afinal, ele já tinha percebido os olhares e sorrisos dela, sabia que um dia o encontro ia acontecer.


Raimundo - o antagonista (ou protagonista?) - por sua vez, amava outra menina. Ela, como bela personagem secundária de historinhas de amor que não dão certo, não queria nem ouvir falar dele. Aquele bruto, metido a forte e gostoso, exibido... não é pra mim.


Teresa, a bonitinha, a meiguinha, a riquinha, a inha-inha, sabia o quanto o palerma do João faria tudo por ela. Ele até que era bonitinho, simpático... mas não era o Raimundo. Esse sim, com seus músculos e sua macheza, era apaixonante.


Uma vez Raimundo foi chorar as mágoas por causa da fulaninha com Teresa. Ah, ela adorou! Fez do coração partido de Raimundo motivo para observar seus músculos na sorveteria em frente à escola, na pizzaria, no carro... Até que o protagonista-palerma percebeu a aproximação entre os dois. Todo dia conversinha e risinho.


Tocou o sinal do intervalo. Era segunda-feira. João levou a faca amolada do pai. Quando Raimundo olhou a sua amada no pátio, sentiu uma fisgada nas costas. Foi ali no pátio que João fez pra todo mundo ver, pra ninguém mais o chamar de palerma.


Se Teresa não pudesse ser dele, como nos seus sonhos, não seria de mais ninguém. Agora sim ele era corajoso, era bravo e matador. Como nos seus sonhos.

Nossos Amigos de Longe

Em certo dia num lugar desconhecido, um disco voador apareceu repentinamente. Ninguém viu nada.
Os alienígenas saíram de seu disco com o intuito de conhecer mais sobre o que havia na terra e fazer uma comparação com a vida no planeta deles hoje, pois, há milhares de anos atrás, eles estiveram aqui. A comunicação entre eles era feita de forma diferente da de hoje, eles pareciam falar a mesma língua que falavam no Egito antigo.
Sem se preocupar com latitude ou longitude, os alienígenas não desceram novamente em uma área deserta. Acabaram por pousar em uma área de vasta riqueza natural e biodiversidade.
Desacostumados com aquele verde extremo, os alienígenas se perguntaram:
-O que é isso?
E foram pesquisar com seus aparelhos de tecnologia mais avançada do que a humana.
Em duas horas os alienígenas sabiam tudo sobre as células dos vegetais e sobre como funcionava todo aquele ecossistema.
Estupefato, um dos extraterrestres disse:
-Como pode a ciência deles ter avançado tanto? Como podem ter criado tal mecanismo? Não fomos nós que os ensinamos há milhares de anos?
Com tantas dúvidas, um dos navegantes do espaço deu a seguinte opinião:
-Vamos capturar um terráqueo. Lemos a mente dele, aprendemos seu idioma e então perguntamos sobre essa maravilha de tecnologia tão genial e tão complexa.
Capturaram.
O homem estava desacordado devido ao susto pelo primeiro contato com os ET’s. Foi o necessário para eles aprenderem o idioma aqui falado.
Quando o homem acordou os invasores curiosos o cercaram e estavam dizendo que vinham em paz. Não queria fazer mal a ele.
Então, o homem se acalmou e começou a conversa.
-O que vocês vieram fazer aqui?
-Viemos, meu caro, como vocês humanos também costumam, conhecer a outra face do universo.
Outro alienígena se prontificou e disse:
-Nós gostaríamos muito de saber sobre essa tecnologia humana que tem por aqui! Não há isso em nosso planeta. Diga-nos, como conseguiram chegar tão rápido a esse estagio de conhecimento?
O homem, estupefato, não entendia nada. Olhou para os lados e só via mato, pássaros, cachoeiras e etc.
Logo, perguntou:
-Do que vocês estão falando?
Um dos invasores se prontificou a achar no idioma do humano a palavra para aquilo tudo. Chamava-se NATUREZA.
Perguntou:
-A natureza, quem a fez?
O homem então, mais tranqüilo, respondeu:
-Veja bem, meu amigo. Apesar de o homem estar sempre interessado em buscar conhecimento a respeito dessa beleza que os encanta, responder a esta pergunta é impossível!
O ser do outro planeta se indignou e perguntou com um tom de fúria em suas palavras:
-Ora, como não pode responder? É simples, responda, quem criou?
O homem, sabiamente respondeu:
Ninguém sabe quem criou. Há centenas de teorias para a criação de tal. Nunca procurei saber sobre isso porque pra mim, o que importa, é que a natureza está aí e precisamos dela. Meu único interesse é preservá-la e fazer com que meus netos possam vivenciar o quanto ela pode nos proporcionar. Não sei como e nem de onde surgiu. Quando eu cheguei, ela já estava aí e eu luto junto com poucos para mantê-la sempre viva.
Um alienígena que estava no painel de controle da nave diz:
-Estamos sem tempo, vamos embora!
Quando ouve isso, o terráqueo se prontifica a dizer:
-Cuidado, meus amigos, cairá um temporal. O tempo está fechado. Não interpretem como um ataque a vocês já que nada fizeram. É uma manifestação da natureza às agressões da mão humana.

Lágrimas Sofridas



O sol já tinha se posto enquanto eu carregava as compras da madame. Eu passava o dia inteiro andando por todos os cantos da cidade levando as encomendas. A vida não era muito boa, muito menos o salário. Pelo menos dava pra manter o barraco e sustentar minha Paula.

Paula, minha filha querida, a melhor coisa que Deus me deu. Fiz o melhor pra ela, pus em escola, em cuso de informática e inglês. Ela sabe tudo, vai ser patroa.

Naquele dia era aniversário dela. Uma semana antes eu já tinha visto um cordão numa loja bonita. Não era de ouro nem o mais caro, mas era o que eu poderia pagar com as gorgetas que eu ia ganhar.

Foi então que eu levei as últimas compras. Deixei a madame com as sacolas e um sorriso, ela me retribuiu com umas moedas e um ar de desdém. Estou acostumado. Pelo menos o dinheiro que ela deu foi suficiente pra completar o preço do cordão.

Cheguei em casa com o embrulho lindo, dourado, a cara da Paulinha.

Não encontrei ninguém. Em cima da mesa vi um bilhete:
"João; cansei dessa vida, não nasci pra isso. Nasci pra crescer, brilhar. Não quero ficar aqui e ser igual a você: um coitado que vive da esmola dos outros, se conforma, não quer crescer. O que você me deu até agora foi pouco, quero mais. Quem pode me dar o que eu quero é o Maurício. A partir de hoje vou poder ser patroa. Adeus. Paula"

Sempre soube que ela ia sair do barraco, mas não assim. Ensinei ela a querer ser alguém, ser tudo o que eu não pude ser, mas esqueci de ensinar ela a ser humilde e amorosa. Ela não percebeu que o meu amor por ela era maior do que a minha preocupação comigo. E ela me tratava com desdém, igual à madame, igual a todo o mundo.

Não sabia viver sem ser por ela. Fui pro bar. Bebi. Cantei. Dancei. Vivi sem a obrigação do amor por algumas horas. Não sei viver assim. Chorei. Me joguei na lagoa. Me inclinei à morte sem receio. Morri.

É certo que milagre pode até existir

"É certo que milagre pode até existir, mas você não vai querer usar
Toda cura para todo o mal está no Hipoglós, no Merthiolate, Sonrisal
Quem tem a paz como meta, quem quer um pouco de paz
Que tire o reboque que espeta o carro de quem vem atrás"

Pato Fu