domingo, 22 de novembro de 2009

35 anos.

Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro ao Amazonas, tenho grandes amizades, amores e histórias espalhadas. A cada carga, uma nova história que dispensava previsões e certezas.
Durante 35 anos rodei todos os estados desse meu Brasil, conheci todas as etnias que o país abriga. Conheci todo tipo de gente, todo tipo de personalidade e vi muita coisa que muita gente não gostaria nem de saber que acontece ou que existe. Tantas mortes eu vi pelo vidro entreaberto da porta do meu caminhão e de tão variadas formas que chega a parecer cinema. Conheci pessoas que eu daria tudo para manter sempre perto de mim e outras que gostaria de nem ter conhecido. Apaixonei-me por algumas baianas, cariocas, paulistanas, mas nenhum amor foi tão grande quanto o que tive por uma gaucha. Ah, seu cabelo loiro e aquele rosto branco quase pálido, aquela aparência de mistura italiana com brasileiro. Até hoje, machuca-me a idéia de não poder tê-la feito minha esposa.
Ao longo do tempo, minhas amizades de infância foram se distanciando até que perdi total contato. Doía todas as noites solitárias que passei nas estradas, correndo contra o tempo para manter meu nome de bom caminhoneiro. Mas essa dor era sufocada pela alegria de ver tanta coisa boa por esse Brasil a fora. Desvendei as mais belas e inexploradas áreas de todo o país. Vivi de perto a correria das grandes cidades. A violência do Rio, a poluição de São Paulo. Conheci a simpatia e a malandragem do carioca, a alegria e o stress do paulistano, o gosto pelo churrasco e o mau humor do gaucho, o gênio forte e disposto do nordestino, o jeito recatado e bravo de algumas tribos indígenas e por aí vai.
Conhecer pessoas novas em cada lugar era uma coisa que se equilibrava em cada característica boa e ruim delas. Às vezes eu me sentia o homem mais feliz do mundo, mas em outras ocasiões, me sentia um lixo de pessoa. Por esse motivo, a minha felicidade se fez estável em cada coisa que vi na natureza desse meu Brasil! As praias mais movimentadas do litoral que me traziam a paz no barulho das ondas, a beleza e simplicidade inexploradas e discriminadas do sertão nordestino, a fauna e flora brasileira que presenciei no verde da região norte e todo o resto que é impossível descrever em umas poucas e resumidas linhas.
Talvez a minha solidão resumida a café e estrada tenha sido pouco para o que chamamos de viver, mas me orgulho de ter descoberto no país das contradições o que eu descobri, ter vivido a emoção de cada amanhecer e cada pôr-do-sol na estrada.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lenda Sioux

Conta uma lenda dos índios Sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:

_ Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

_ Há uma coisa a fazer, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia com apenas uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!

Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as do saco e constatou que eram verdadeiramente os formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.

_ E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.

_ Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.

Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade de vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar. Então o velho disse:

_ Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.
Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissionais. Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente as pessoas livres serão capazes de amá-lo como você quer e merece. Respeite também as suas vontades e voe em direção às realizações da sua vida. Tenho certeza que, ao ser livre, você encontrará pessoas felizes que adorarão voar ao seu lado.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"O tempo vai passar
E tudo vai entrar
No jeito certo
De nós dois...

As coisas são assim
E se será, que será
Pra ser sincero
Meu remédio é
Te amar, te amar...

Não pense, por favor
Que eu não sei dizer
Que é amor tudo
O que eu sinto
Longe de você..."

Marisa Monte
"Quero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

Sereia bonita descansa teus braços em mim
Eu quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira em minha metade de volta"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Unchained Melody

'Oh.....
My love, my darling
I've hungered for your touch,
a long, lonely time
Time goes by, so slowly
and time can do so much
Are you
still mine?
I need your love,
I need your love
God speed your love, to me

Lonely rivers flow,
to the sea, to the sea
To the open arms
of the sea
Lonely rivers cry,
wait for me, wait for me
I´ll be coming home
wait for me

My love, my darling,
I've hungered for your kiss
Are you still mine?
I need your love,
I need your love
God, speed your love, to me'

Elvis Presley

=')

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Carlos

Ele contou:
‘Notei algo diferente nela há tempos. Era estranho, sabe? Ela nunca comia, sempre colocava a comida dela e ela deixava no prato. Não me ajudava mais nos serviços de casa, não era muito de falar também na presença de outra pessoa que não fosse eu. Às vezes, pedia sua ajuda em algo e ela simplesmente me ignorava. Deixava pra lá, afinal, sabia que aquele estanho comportamento poderia ser resultado de algum trauma sofrido naquele acidente. Desde aquela época ela parece outra pessoa, sabe? Como se estivesse em outro mundo. Fica sempre ao meu lado, me faz companhia em tudo. Alias, devo muito a ela! Se não fosse nosso amor e ela ao meu lado, não sei o que seria da minha vida. Estou aposentado, meus filhos já estão grandes e formados. Se ela realmente tivesse morrido naquela batida como aquele médico incompetente havia me informado, meu coração teria morrido junto com ela. Mas não, ela logo se curou e antes de mim até. Ficava comigo no meu quarto enquanto eu estava de cama. Na verdade, ela nem podia ficar lá, mas sempre dava um jeito e quando a enfermeira entrava, ela se escondia! Ninguém nem viu ela no hospital depois que ela melhorou, mas é porque ela ficava comigo e sempre teve cuidado pra não ser pega.
Sabe, não sei nem o que estou fazendo aqui. Só decidi vir porque nosso filho, Pedro, insistiu. Ele disse que me faria bem, mas acho que seria melhor se minha esposa viesse. Mas se ele me mandou vir, eu devo ter algo. O que você acha, doutor?’
Deixei de lado minha ética profissional. Não tinha o direito de tirar aquela realidade de sua cabeça. Então, respondi:
‘Eu acho, Carlos, que o amor ultrapassa os limites da vida. Volte para casa, sua esposa te espera lá fora.’
Ao sair da sala, Carlos fez um gesto no ar como se estivesse a acariciar o cabelo de uma mulher e a beijar sua testa. Consegui ler seus lábios e ele dizia:
‘Eu te amo. Está tudo bem agora, vamos embora.’
Fechei a porta do consultório e, emocionado, chorei.

domingo, 20 de setembro de 2009

Setembro.

'Wake Me Up When September Ends'

Para evitar dores vindas da minha memória.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"Please don’t cry
You know I’m leaving here tonight
Before I go I want you to know that there will always be a light

And if the moon had to runaway
And all the stars didn’t wanna play
Don’t waste the sun on a rainy day
The wind will soon blow it all away

So many times I’d tried
To be much more than who I am
And if I let you down I will follow you ‘round until you understand

That if the moon had to runaway
And all the stars didn’t wanna play
Don’t waste the sun on a rainy day
The wind will soon blow it all away

When the days all seem the same
Don’t feel the cold or wind or rain
Everything will be okay
We will meet again one day
I will shine on, for everyone

So please don’t cry
Although I leave you here this night
Where ever I may go how far I don’t know
But I will always be your light

That if the moon had to runaway
And all the stars didn’t wanna play
Don’t waste the sun on a rainy day
The wind will soon blow it all away

When the days all seem the same
Don’t feel the cold or wind or rain
Everything will be okay
We will meet again one day
I will shine on, for everyone
When the days all seem the same
Don’t feel the cold or wind or rain
Everything will be okay
We will meet again one day
I will shine on, for everyone"




Existem musicas que parecem ter sido feitas por nós em determinadas épocas que passamos. É incrível.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Into The Wild

"Os únicos presentes que o mar te dá, são golpes duros, e, às vezes, a chance de sentir-se forte. Claro, não sei muito sobre o mar, mas sei que as coisas são assim por aqui. Também sei como que é importante na vida, não necessariamente ser forte, mas sentir-se forte, para se testar ao menos uma vez, para passar ao menos uma vez pela mais antiga condição humana, enfrentando desafios sozinho, sem nada para
ajudá-lo, exceto as próprias mãos e a cabeça."

"Quando a gente ama, perdoa. Quando a gente perdoa, a luz de Deus nos ilumina."

"Admitir que a vida humana é guiada pela razão é destruir a possibilidade de vida"

“Mais que amor, dinheiro, fé, fama, justiça, dê-me verdade.”

" As pessoas ficam mais cautelosas quando têm dinheiro"

"A fragilidade do cristal não é uma fraqueza, mas sim uma pureza"

"A felicidade só é real, quando é compartilhada"

terça-feira, 28 de julho de 2009

Primeira pessoa do singular

Dificilmente me pego em um dia disposto a escrever sobre mim, sobre o que eu sinto ou deixo de sentir por conta de qualquer coisa. Prefiro, em geral, conversar ou calar-me a espera de alguém que me faça rir um pouco ou acabar deixando pra lá. Calei-me e não vi resultado positivo. As poucas pessoas que me fazem esquecer o que eu não preciso pensar, infelizmente não estão presentes no momento. Restou-me a escrita.
Cheguei há pouco da rua, o tempo virou. Vejo da janela uma chuvinha fina e fria querendo engrossar, um vento sudoeste fortíssimo. Nesse mesmo momento tomo um café quentinho pra me aquecer e saciar meu vício. A vontade de fumar um cigarro só não se faz saciada por não ter um em meu poder. Embora toda essa situação que eu me encontre seja bem agradável e relaxante, o que se passa dentro da minha cabeça está longe de se tornar tão boa quanto. Não me sai da cabeça a idéia de como a gente tem tanto poder de determinar nosso futuro em certos momentos que parecemos ser incapazes de fazer alguma coisa. Não me sai da cabeça o desgosto de não ter tomado certas atitudes e nem o de ter evitado outras. Não me sai da cabeça o fato de eu não ter seguido a minha velha ideologia de ter calma sempre, mesmo nos momentos mais difíceis.
Eu tomei consciência de uma coisa hoje: Tornar-se positivamente importante pra alguém é livrar-se do terror da solidão individual, pois mesmo quando estamos a sós, podemos sentir o conforto dos pensamentos de quem nos quer bem. É lindo, nobre. Quando isso se inverte e nossa importância passa a ser negativa, nem mesmo no lugar mais belo do mundo estamos em paz. E se Deus é energia, dessa vez nem mesmo ele sabe o quão ruim isso é.
Eu tomei consciência também de que não adianta a gente tentar ser mais do que é. Errei em acreditar no contrário e por esse motivo, por tentar ser mais do que eu poderia ser, não consegui ser nem mesmo metade do que eu realmente sou.
Não sinto, hoje, a paz de estar em par com Deus.

sábado, 20 de junho de 2009

Vírus

Ele entrou em minha sala com um sorriso estranho. Percebi, logo de primeira, que não seria um paciente comum. Havia algo de diferente nele que era denunciado pelo seu modo de agir, de sorrir, de falar. Sem muitos rodeios, fomos direto ao ponto. Ele sentou-se no divã e ali começamos a sua primeira sessão.
Taurus não falou de sua vida pessoal. Logo ao sentar-se, ele me disse: ‘Doutor, eu não sou louco, o mundo que não está preparado para a verdade!’. Ao dizer tal coisa, me pareceu improvável acreditar que ele não estaria de fato, tendo algum tipo de alucinação. O fiz a seguinte pergunta: ‘Ora, Taurus, que verdade seria esta?’. Ele me olhou e retrucou: ‘Para saber essa verdade, você precisa acreditar que todo mundo tem um pouco de loucura em si ou que a loucura simplesmente não existe, é apenas um conceito, pois, para cada um, há um limite entre imaginação e realidade que não corresponde a nossas expectativas pessoais. Puseram-me aqui porque impuseram no meio em que vivo que a verdade é que o homem é o ser mais perfeito que a natureza já criou. Tentaram me iludir com essa farsa, porém, eu sei a verdadeira história do universo. ’
Depois de ouvi-lo falar, pensei comigo mesmo que louco ou não, em alguns pontos de sua teoria, havia um pouco de verdade no que ele dizia. Curioso, perguntei: ‘Qual seria essa teoria?’ Taurus olhou para os lados a fim de analisar se havia alguma brecha na sala que pudesse direcionar o que ele falava para a sala de minha secretária. Quando percebeu que não havia, me falou: ‘Doutor, o homem é um vírus!’. Para mim, aquela afirmação não fazia sentido algum. Pedi então para que ele desenvolvesse o assunto e ele o fez. ‘Doutor, é tão óbvio que parece ser irreal, por isso sou taxado de louco! O homem surgiu como um organismo novo no planeta Terra. Só que ele veio de fora do que aqui chamamos de universo!’.
Meu lado profissional estava sendo deixado de lado. Taurus falara tão bem que a crença dele me fez pensar no mundo de outra forma. Sem querer prestar mal o meu trabalho de psicólogo, pedi para que continuasse sua história e, dessa vez, tentaria analisar tudo, menos a veracidade de sua idéia. ‘Estou vendo que você não está entendendo nada, então explicarei melhor! Você sabe, provavelmente, das estruturas de um átomo, certo?’ Retruquei de modo afirmativo. ‘Pois bem, também conhece as estruturas do nosso sistema solar, correto?’ Balancei a cabeça afirmativamente. ’ Então, é tão evidente! Nosso sistema solar é como um átomo, formado por células, porem, em escala maior. Cada sistema solar é formado por outras células, que são formadas por outros átomos, que são formados por outras células menores ainda e assim por diante! Não existe a menor coisa ou a maior, esse é o infinito. O homem é aquilo que descobriu nas células de seu próprio corpo e chamou de vírus, porem, no corpo de uma entidade muito maior, que por sua vez é a entidade de outra coisa maior ainda e assim por diante, sem um fim e sem um começo! Essa é a exceção da regra de que tudo tem começo, meio e fim! Quanto ao homem na terra, ele é o elemento destruidor, que se instalou devagar e foi acabando com o sistema natural do planeta, que nada mais é do que uma célula. Ele foi destruindo cada elemento mais fraco que ele e tornou-se tão poderoso que destrói mesmo os mais altos elementos que a célula chamada terra possui! Nossa raça sabe que está a destruir o planeta, porém sua intenção jamais fora consertar isso. Buscamos na ciência modo de encontrar outro planeta acessível a nossas condições para que assim possamos sugar tudo que há de bom e só deixar quando não nos servir mais, como outros vírus.
Taurus engoliu um pouco de água e continuou. ‘Doutor, agora o senhor, pense comigo: nossa dimensão de tempo é baseada no numero de voltas que o planeta dá em torno de si mesmo e em torno do sol. Se pensarmos assim, a idade do que conhecemos como elétron, que como já expliquei, é formado por células, é de quintilhões de anos! E sendo assim, a idade da entidade em que nosso planeta habita o corpo terá milhões de vezes mais que nossa idade! Pensando por esse lado, o elemento tempo é relativo! Não existe, de fato, uma realidade temporal única! Essa, doutor, e a verdade para qual o homem não está preparado! Ele só crê em Deus quando precisa de algo. Fora isso, ele se acha o próprio Deus. Ele se acha capaz de controlar as forças universais, controlar a criação, tudo! Porem, mal sabemos que nós só temos determinados e limitados poderes porque nossa missão enquanto espécie é a destruição e por isso somos voltados a criações que são úteis somente a nós mesmos! ‘
Não consegui manter uma postura ética profissional. Aquela história, estória, seja lá o que for, deixou-me boquiaberto. Para meu conforto, acabou o tempo de consulta e eu o mandei retornar para mais sessões na próxima semana. Fechei o escritório, peguei meu carro no estacionamento e saí do prédio. Na primeira esquina vi um menino, o sinônimo humano de pureza, agredindo um cão indefeso. Olhei para o céu a noite e imaginei um corpo monstruoso, cheio de células, átomos... Imaginei uma vida com nosso planeta como base, relembrei que temos bases tão pequenas que são quase invisíveis, imaginei vidas menores do que as nossas, com bases que nem sabemos que existem. Tudo parecia fazer sentido. Não pude, a partir disto, desconsiderar que ou eu havia ficado louco, ou que a teoria de Taurus era realmente uma grande verdade.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Longe do Meu Lado

'Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado'

Legião Urbana

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fotografia

Ontem de noite, enquanto procurava um documento em meu guarda roupa, achei uma foto de quando eu era criança. Reparei no meu rosto um sorriso muito feliz e alegre. Fiz uma coisa que não fazia há muito tempo: admirei por alguns minutos meu próprio sorriso. Quando me dei conta de que aquilo já me tomava muito tempo, retomei o que estava a fazer.
Mais tarde, no mesmo dia, liguei meu computador e procurei um arquivo que eu havia salvado há uns dias atrás. Na procura, abri a pasta ‘meus documentos’. Lá estava também localizada a pasta ‘minhas imagens’. Entrei e fui ver as minhas fotos mais recentes. Algumas eram tão novas que eu até lembrava como havia sido o dia em que elas foram tiradas. Ao olhar grande parte delas, percebi uma coisa: eu sorria em todas que não me pegaram de surpresa. Lembrei-me que no dia de algumas das fotos em que apareço sorrindo, eu não estava nem um pouco feliz e não me havia motivos para tal ato. Mas aquele sorriso, era como o da foto que visualizei mais cedo, parecia feliz, alegre, saudável.
Mais tarde, ao sair do computador, perguntei-me porque motivo havia sorrido sem vontade, forçadamente, e ainda fiz com que não aparentasse na foto que aquilo era pra mim quase uma obrigação. Foi um ato em vão, que não teve a função real de um sorriso, que seria a expressão do bem estar, da felicidade. Pensei sobre aquele assunto várias horas e, ao lembrar de minha foto de quando era pequeno, entendi o motivo pelo qual eu sorria em todas as fotos que eu sabia que iriam tirar de mim: não precisa-se de um motivo para sorrir quando se pensa em tirar fotografias. Elas são nada mais do que imagens que ficam impressas em um pedaço de papel. E qual seria a função disso? Trazer-nos memórias. Seria necessário então demonstrar nossas tristezas em imagens quando estamos enterrados nesse tipo de sentimentos? Não. Ao olhar uma foto minha, quero me lembrar de tudo que estava lá, dos meus amigos, da cadeira da escola que já nem existe mais, do jarro de plantas que pensamos várias vezes em quebrar. Não quero lembrar nada do que diz respeito a minhas dores. Quero mostrar um sorriso. Quero fingir ter sido feliz até nos momentos em que alguma dor atormentava a minha existência.

terça-feira, 9 de junho de 2009

"Dear God the only thing I ask of you is
to hold her when I'm not around,
when I'm much too far away
We all need that person who can be true to you"

Dear God- A7X.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Luta

Saí pelas ruas, desorientado, triste e procurando uma solução suficientemente racional para todos os meus problemas. Como era de se esperar, não foi lá que eu encontrei resposta alguma. Então, logo retornei a minha residência.
Como de costume, entrei pela cozinha, abri a geladeira e fui caminhando pelo corredor. Entrei no banheiro e logo tive uma surpresa: dei de cara com dezenas de pessoas! Ainda que eu não me lembre muito bem de todas elas, tenho em mente o que a face de algumas delas expressava e, de alguma forma, eu sabia o que aquelas pessoas sentiam.
A primeira delas era sorridente. Parecia sempre feliz e pronta a ajudar qualquer um que aparecesse em seu caminho com algum tipo de problema. Era uma pessoa alegre e que fazia o possível pra agradar seus amigos e amores. Brincava com quem lhe dava uma brecha, se divertia com seus amigos e era um tanto quanto inteligente. Tinha uma auto-estima e um otimismo bastante elevados e conseguia, sabe-se lá como, compartilhar dessas qualidades da vida com os amigos, que sempre que podiam, o rodeavam e gostavam sempre de estar perto dela.
A segunda e a terceira pessoa que logo vi guardavam certo ressentimento nos olhos, mas ainda assim, pareciam felizes e partilhavam de muitas das características da primeira. Porém, de todas as características, elas não possuíam a mais preciosa, a auto-estima. Olhei com firmeza e elas revidaram, logo, foram denunciadas pelo olhar: sua auto-estima havia sido, de alguma forma, roubada. Senti-me triste, procurei outra pessoa para focar minha atenção.
Avistei a quarta e ultima pessoa que me foi possível. Esta, Deus do céu, carregava no olhar um sentimento de tristeza contagiante. Seus olhos diziam o quanto ela estava mal e o quanto parecia insatisfeita com a situação de vida em que se encontrava. Esta parecia ter as mesmas qualidades da primeira, porém, era claro que absolutamente todas elas haviam sido retiradas de sua personalidade. A sua face era tão cabisbaixa que senti, como nunca, uma dor no peito absurda. Tirei o foco dela e prestei atenção em todos de uma só vez.
Ao olhar a multidão, percebi uma movimentação de todas as pessoas que ali estavam. Elas começaram a se encarar e brigar. O mais assustador é que todas elas foram para cima de uma só, a primeira que eu havia focado. A que mais tinha a intenção de derrubá-la era a quarta pessoa, a mais triste. Contudo, a primeira se equilibrava entre uma agressão e outra e conseguia se sustentar mesmo que, como dizia minha avó, aos trancos e barrancos. Aquela cena me deixou desorientado. Eu senti uma agonia imensa, mas não me parecia uma boa idéia tentar ajudá-la a combater tantas outras pessoas a agredindo. Sem saber o que fazer, chorei e gritei. Ninguém me ouvia e logo fiquei mais desesperado.
Na tentativa inútil de acabar com meu sofrimento, esmurrei a mão contra aquela cena. Chorando, vi cacos em cima da pia e sangue escorrendo de meus dedos. Lavei-os e fui me deitar. Ainda sem conseguir cessar o choro, dormi.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Édipo no divã

Édipo (entrando no consultório correndo): Oh não, oh não, não posso acreditar! Que desgraça!
Freud: Mas o que está acontecendo? Quem é você? O que você quer aqui?
Édipo: Desculpe entrar sem avisar Dr. Freud, é que aconteceram desgraças inexplicáveis e eu não tive a quem mais recorrer.
Meu nome é Édipo, eu era o Rei de Tebas. É uma longa e horrorosa história, acabo de descobrir ser o esposo de minha mãe! Estou confuso ao extremo!
Freud: Sente-se meu filho, histórias sobre sexualidade muito me interessam! Ainda mais algo tão intrigante como o seu caso! Conte-me tudo, e quem sabe algum dia poderei estudar o seu caso mais a fundo.
Édipo: Antes do meu nascimento, meus pais descobriram através de Apolo a profecia de que eu seria a desgraça de minha família! Então, no dia em que nasci meu pai, rei de Tebas, me levou a um pastor:
Laio: Leve-o até um bosque abandonado e o deixe lá, ao cuidado das feras!
O pastor ficou com pena de mim e me pendurou em uma árvore, para que uma alma bondosa me salvasse. De fato, fui salvo por um camponês, que me adotou como filho legítimo.
Até que um dia tive uma briga com um colega e ouvi um xingamento que me deixou intrigado.
Colega: Cala a boca, seu enjeitado!
Perguntei a ele o porquê de ter me chamado daquele nome, e ele revelou saber que eu fui encontrado na floresta. Larguei tudo no mesmo dia e parti para Delfos a procura de meus verdadeiros pais! Consultei-me com um oráculo de Apolo durante o percurso:
Oráculo: Não insista em querer saber mais nada! Se você se aproximar de seus verdadeiros pais, levará a eles somente a desgraça!
Desisti, então, da minha busca, e aceitei a minha condição de filho bastardo, era o meu destino. Enquanto andava de volta para a minha vida anterior, quase fui atropelado por uma carruagem. Depois vim a descobrir que quem estava nela era Laio, meu verdadeiro pai, que alertado por alguns sonhos ruins, estava indo até o templo para saber se seu filho estava realmente morto.
Laio: Saia da frente, idiota!
Não gostei nem um pouco da atitude arrogante daquele senhor. Acabamos em uma briga violenta, ele me esbofeteou e eu enterrei meu punhal no peito daquele homem. Só me dei conta do meu ato após tê-lo feito, sai correndo e fugi para qualquer lugar, na tentativa de me penitenciar.
No meio da estrada em que eu cursava em direção a Tebas estava instalada uma esfinge. Um monstro metade leão, metade mulher, que dizia para todos os transeuntes:
Esfinge: Ninguém passa sem antes decifrar meu enigma
Todos que não conseguiam decifrar o enigma dela morriam. Dessa forma o horror estava instalado em Tebas. A Rainha viúva estava aterrorizada e na tentativa de encontrar alguém que destruísse o monstro, ofereceu sua mão em casamento ao homem que derrotasse a esfinge.
Como eu não tinha nada a perder e queria de alguma forma aliviar a culpa de ter matado um homem, resolvi desesperadamente enfrentar a esfinge.
Esfinge: Qual o animal que pela manhã anda com os quatro pés, à tarde com dois e à noite com três?
Édipo: É o homem; na infância engatinha, na idade adulta anda ereto e na velhice apóia-se em uma bengala.
E eu destruí a esfinge!Tornei-me, então, o Rei de Tebas! Quanta felicidade!
Mas logo que subi ao trono, veio uma época de muitas desgraças: pestes, secas, inundações, fome, tudo virava uma tragédia e eu precisava tomar providências!
Pedi, então, para que perguntassem a um oráculo de Apolo:
Oráculo: “O fim da desgraça só chegara no dia em que o responsável pela morte de Laio for expulso de Tebas”
Fiz tudo possível para encontrar o culpado, muitos foram presos, outros foram mortos, mas as calamidades mesmo assim continuaram. Um dia Jocasta teve idéia de chamarmos o adivinho Tirésias. Chamei-o, perguntei a ele quem era o assassino de Laio. Ele se esquivou, tentou não responder, mas não teve como evitar diante da curiosidade minha e de Jocasta:
Tirésias: Você, Rei Édipo, é o assassino de Laio, seu próprio pai...
Para confirmar o ocorrido, um pastor que viu o ocorrido, me viu matando Laio, afirmou na frente de todos que eu era o culpado!
Jocasta: Não pode ser verdade! Você é meu filho!
Então ela se trancou no quarto, não me ouviu enquanto eu dizia que não tínhamos culpa, foi uma fatalidade do destino. Ela não respondeu e eu abri a porta! Óóóóóh nãão! Vi o corpo de minha mãe e amada esposa preso numa viga do teto...
Não sei mais o que fazer Dr. Freud, como viver com esse fardo?
Freud: Édipo, você não tem culpa do que aconteceu, não pode ser o seu próprio juiz. Você pode não ser o responsável por toda a tragédia!
Édipo: Mesmo sabendo que não foi minha culpa, que era uma fatalidade prevista, tanto que Apolo tinha conhecimento de tudo antes mesmo de eu nascer... Não consigo aceitar o que eu fiz! Eu poderia ter agido de outra forma diante dos acontecimentos!
Freud: Mas agora já está feito
Édipo: Mesmo assim, eu poderia ter negado o fato, poderia ter dito que não fui eu e nunca ter assumido. Mas aquele pastor, tão pobre, tão sem poder; venceu-me! Acabou tendo mais poder que eu!
Freud: E agora, o que farão com você? Qual será a sua punição?
Édipo: Como estava previsto para o culpado pela morte de Laio, fui expulso de Tebas. Stou condenado a vagar à minha própria sorte. Oh, Freud, não consigo mais suportar tanta dor, tanta vergonha por ter sentido o que senti, ter tido filhos com a minha própria mãe!
Freud: Interessante essa relação entre mãe e filho...
Édipo: Óh , assim como não tive olhos para ver os crimes abomináveis que cometi, também não os terei para ver mais nada neste mundo!
*fura os olhos*


quinta-feira, 26 de março de 2009

Variadas estratégias de marketing político têm sido utilizadas, viagrandes meios, para tentar fazer baixar os índices de popularidade doatual governo federal brasileiro, bem como de todos os países nosquais lideranças populares chegaram em épocas recentes ao poder(Bolívia, Venezuela, Equador, etc.).Uma delas é a divulgação ostensiva de uma crise cuja origem não éaqui, e cujas conseqüências têm sido combatidas nestes países demaneira bastante eficaz, com políticas elogiadas pelos maiores expertsmundiais em economia. A jogada é tentar atribuir a crise e suasconseqüências aos governos destes países, embora os mesmos não tenhamcontribuído em nada para a sua eclosão ou continuidade.Outro artifício bastante conhecido é fazer campanhas diáriasdenunciando corrupção política, mesmo que não seja de pessoas ligadasaos partidos governistas, para com isso generalizar a idéia de quetodos os políticos são corruptos e desmerecedores de confiança.Massificando as noções de que há uma crise que mais cedo ou mais tardeirá afetar os bolsos de todos e que a culpa seria dos políticos dosnossos países, tentam assim inviabilizar a continuidade destesgovernos ou ofuscar suas conquistas.Divulgando apenas dados negativos, mesmo que existam outros bastante positivos, tenta-se assim criar as condições para que nestes paísesvoltem a ascender governos conservadores, os mesmos que venderam asestatais e aceitaram políticas de subserviência aos grandes centros capitalistas mundiais durante décadas, sem restrições.Por outro lado, nunca se falou tanto em corrupção como agora e antesdos golpes militares que assolaram o continente por várias décadas, apartir dos anos 60. É a tática de dizer que nunca as coisas foram tãoruins, para que assim os 'salvadores da pátria' se apresentem e nos'redimam'. São os 'redentores da pátria', os que vieram para'endireitar o que está torto' ...
Com salvadores como estes, que inimigos podemos temer?

quarta-feira, 18 de março de 2009

100 Livros Essenciais da Literatura Mundial
O ranking das melhores obras da história em todos os gêneros

1) Ilíada - Homero
2) Odisséia – Homero
3) Hamlet – William Shakespeare
4) Dom Quixote – Miguel Cervantes
5) A Divina Comédia – Dante Alighieri
6) Em Busca do Tempo Perdido – Marcel Proust
7) Ulysses – James Joyce
8) Guerra e Paz – Leon Tolstoi
9) Crime e Castigo – Dostoievski
10) Ensaios – Michel de Montaigne

11) Édipo Rei – Sófocles
12) Otelo - William Shakespeare
13) Madame Bovary – Gustav Flaubert
14) Fausto – Goeth
15) O Processo – Franz Kafka
16) Doutor Fausto – Thomas Mann
17) As Flores do Mal – Charles Baudelaire
18) Som e a Fúria – William Faulkner
19) A Terra Desolada – T. S. Eliot
20) Teogonia – Hesíodo

21) As Metamorfoses - Ovídio
22) O Vermelho e o Negro – Stendhal
23) O Grande Gatsby – F. Scottt Fitzgerald
24) Uma Estação no Inferno - Arthur Rimbaud
25) Os Miseráveis - Victor Hugo
26) O estrangeiro - Albert Camus
27) Medéia - Eurípides
28) A Eneida - Virgílio
29) Noite de Reis - William Shakespeare
30) Adeus às Armas - ernest Hemingway

31) Coração das Trevas - Joseph Conrad
32) Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
33) Mrs. Dalloway - Virginia Woolf
34) Moby Dick - Herman Melville
35) Histórias Extraordinárias - Edgar Allan Poe
36) A Comédia Humana - Balzac
37) Grandes Esperanças - Charles Dickens
38) O Homem Sem Qualidades - Robert Musil
39) As Viagens de Gulliver - Jonathan Swift
40) Finnegans Wake - James Joyce

41) Os Lusíadas - Luís de Camões
42) Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas
43) Retrato de Uma Senhora - Henry James
44) Decameron - Bocaccio
45) Esperando Godot - Samuel Beckett
46) 1984 - George Orwell
47) Galileu Galilei - Bertolt Brecht
48) Os Cantos de Maldoror - Lautréamont
49) A Tarde de um Fauno - Mallaemé
50) Lolita - Vladimir Nabokov

51) Tartufo - Molière
52) As Três Irmãs - Anton Tcheckov
53) O Livro das Mil e Uma Noites
54) Don Juan - Tirso de Molina
55) Mensagem - Fernando Pessoa
56) Paraíso Perdido - Jonh Milton
57) Robinson Crusoe - Daniel Defoe
58) Os Moedeiros Falsos - André Gide
59) Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
60) Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

61) Seis Personagens em Busca de um Autor - Luigi Pirandello
62) Alice no País das maravilhas - Lewis Carrol
63) A Náuse - Jean-Paul Sartre
64) A Consciência de Zeno - Ítalo Svevo
65) Longa Jornada Noite Adentro - Eugene O'Neill
66) A Condição Humana - André Malraux
67) Os Cantos - Ezra Pound
68) Canções da Inocência /C.do Exílio - William Blake
69) Um Bonde Chamado Desejo - Teneessee Williams
70) Ficções - Jorge Luis Borges

71) O Rinoceronte - Eugène Ionesco
72) A Morte de Virgílio - Herman Broch
73) As Folhas da Relva - Walt Whitman
74) Deserto dos Tártaros - Dino Buzatti
75) Cem Anos de Solidão - Gabriel García Marques
76) Viagem ao Fim da Noite - Louis-Ferdinand Céline
77) A Ilustre Casa de Ramires - Eça de Queirós
78) Jogo da Amarelinha - Júlio Cortázar
79) As Vinhas da Ira - John Steinbeck
80) Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar

81) O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger
82) Huckleberry Finn - Mark Twain
83) Contos de Hans Christian Andersen
84) O Leopardo - Tomaso di Lampedusa
85) Vida e Opiniões do Cavaleiro Tristam Shandy - Laurence Sterne
86) Passagem Para a Índia - E.M Forster
87) Orgulho e Preconceito - Jane Austen
88) Trópico de Câncer - Henry Miller
89) Pais e Filhos - Ivan Turgueniev
90) O Náufrago - Thomas Bernhard

91) A Epopéia de Gilgamesh
92) O Mahabharata
93) As Cidades Invisíveis - Ítalo Calvino
94) On The Road - Jack Kerouac
95) Lobo da Estepe - Hermann Hesse
96) Complexo de Portnoy - Philip Roth
97) Reparação - Ian MacEwan
98) Desonra - J.M. Coetzee
99) As Irmãs Makioka - Junichiro Tanizaki
100) Pedro Páramo - Juan Rulfo


Pra mim faltam "só" 88
(Y)

domingo, 15 de março de 2009

De ontem em diante, eu...

Quero fazer da minha vida, uma realização só minha.
Quero olhar pra trás e ter orgulho de tudo que conquistei. Olhar pro hoje e ter esperanças de um futuro bom. Olhar pro futuro e imaginar um caminho perfeito, mesmo com seus inúmeros problemas.
Quero viver sem me arrepender mesmo do que deixei de fazer. Quero fazer tudo e imaginar que se não fizesse seria pior. Imaginar que valeu a pena ficar com aquela ressaca fudida depois de uma noite divertida. Imaginar que se eu escolhesse ouvir o conselho do meu pai, eu estaria passando dificuldades hoje. Imaginar que tudo que vivi, foi o melhor que eu poderia viver.
Quero continuar me apaixonando todos os dias pela Louisie. Viver com ela a vida a dois que eu sempre imaginei. E, se preciso for, discutir com ela todos os dias para que no final eu me lembre o quanto ela é importante pra mim.
Quero fazer os melhores amigos do mundo. Mandar as pessoas que eu não gosto tomar no cu. Preocupar-me se o que faço da minha vida afeta as pessoas que gosto, sem deixar que minhas maiores paixões se excluam da minha vida.
Quero falar alto quando beber. Parar de esconder o que me deixa puto. O que me deixa triste. O que me deixa feliz.
Quero me formar. Ter um filho, uma casa e uma fazenda para passar um fim de semana ou outro, curtindo a natureza que ainda resta no país.
Eu quero viver. Eu quero ser feliz.

sábado, 14 de março de 2009


" À frouxidão da estrtutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódeos mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e o Brasil. Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência displicente das instituições e consutmes."
Sérgio Buarque de Holanda

quinta-feira, 12 de março de 2009

Neoliberalismo e cultura (Esse texto é lindo)


sábado, 30 de agosto de 2008

Frei Betto

O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-política-econômica na qual se insere, e o considera como mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural.
Um dos avanços da modernidade foi, com o advento da democracia, reconhecer a pessoa como sujeito político. Este passou a ter, além de deveres, direitos. Dotado de consciência crítica, livrou-se da condição de servo cego e dócil às ordens de seu senhor, consciente de que autoridade não é sinônimo de verdade, nem poder de razão.
Agora, busca-se destituir a pessoa de sua condição de sujeito. O protótipo do cidadão neoliberal é o que se demite de qualquer pensamento crítico e, sobretudo, de participar de instâncias comunitárias. E para essa cultura da demissão voluntária contribui, de modo especial, a TV.
Em si, a TV é poderoso instrumento de formação e informação. Mas pode facilmente ser convertido em mecanismo de deformação e desinformação, sobretudo se atrelada à máquina publicitária que rege o mercado. Assim, a própria TV torna-se um produto a ser consumido e, portanto, centrado no aumento dos índices de audiência.
Para isso, recorre-se a todo tipo de apelação, desde que os telespectadores sintam-se hipnotizados pelas imagens. O problema é que a janela eletrônica está aberta para dentro do núcleo familiar. É ali que ela despeja a profusão de imagens e atinge indistintamente adultos e crianças, sem o menor escrúpulo quanto ao universo de valores da família.
Se a TV transmitisse cultura - tudo aquilo que aprimora a nossa consciência e o nosso espírito -, ela seria o mais poderoso veículo de educação. É verdade, não deixa de fazê-lo, mas a regra geral não são os programas de densidade cultural, e sim o mero entretenimento - distrai, diverte e, sobretudo, abre a caixa de Pandora de nossos desejos inconfessáveis. A imagem que "diz" o que não ousamos pronunciar.
Ao superar o diálogo entre pais e filhos e impor-se como interlocutora hegemônica dentro do núcleo familiar, a TV altera as referências simbólicas fundamentais do psiquismo infantil. É pelo falar que uma geração transmite a outra crenças, valores, nomes próprios, mega-relatos, genealogias, ritos, relações sociais etc. Transmite a própria aptidão humana de uso da palavra, através do qual se tece a nossa subjetividade e a nossa identidade. É essa interação, propiciada pelo diálogo oral, cara a cara, que nos educa às relações de alteridade, faz-nos reconhecer o eu diante do Outro, bem como as múltiplas conexões que ligam um ao outro, como emoções, imagens provocadas por gestos, expressões faciais carregadas de sentimentos etc.
A fala ou o diálogo demarcam referências fundamentais ao nosso equilíbrio psíquico, como a identificação do tempo (agora) e do espaço (aqui), e dos limites do meu ser em relação aos demais. Se a fala reduz-se a uma enxurrada de imagens que visam a exacerbar os sentidos, as referências simbólicas da criança correm perigo. Ela tende à dificuldade de construir seu universo simbólico, não adquirindo sensos de temporalidade e historicidade. Tudo se reduz ao "aqui e agora", à simultaneidade. A própria tecnologia que abrange distâncias em tempo real - Internet, telefone celular etc. - favorece uma sensação de ubiqüidade: "eu não estou em nenhum lugar porque estou em todos".
Muitos professores se queixam de que os alunos não são tão atentos às aulas. Claro, o sonho deles seria poder mudar o professor de canal... Muitas crianças e jovens demonstram dificuldade de se expressar porque não sabem ouvir. Possuem raciocínio confuso, no qual a lógica derrapa frequentemente no aluvião de sentimentos contraditórios. Acreditam, sobretudo, que são inventores da roda e, portanto, pouco interessa o patrimônio cultural das gerações anteriores (o financeiro sim, sem dúvida).
Assim, a cultura perde refinamento e profundidade, confina-se aos simulacros de talk-show, onde cada um opina segundo sua reação imediata, sem reconhecimento da competência do Outro. No caso da escola, este Outro é o professor, visto não só como destituído de autoridade, mas sobretudo como quem abusa de seu poder e não admite que os alunos o tratem de igual para igual... Ora, já que o professor não "escuta", então só há um meio de fazê-lo ouvir: a violência. Pois foram educados pela TV, onde não há o exercício da argumentação paciente, da construção elucidativa, do aprimoramento do senso crítico. É o perde ou ganha incessante, e quase sempre à base da coação.
Assim, cai-se numa educação qualificada por Jean-Claude Michéa de "dissolução da lógica". Deixa-se de distinguir o prioritário do secundário, de perceber o texto em seu contexto, de abranger o particular no pano de fundo do geral, para acatar passivamente as pressões de consumo que buscam transformar valores éticos em meros valores pecuniários, ou seja, tudo é mercadoria, e é o seu preço que imprime, a quem a possui, determinado valor social, ainda que destituído de caráter.
Demite-se do ato de pensar, refletir, criticar e, sobretudo, participar do projeto de transformar a realidade. Tudo passa a uma questão de conveniência, gosto pessoal, simpatia. Também são considerados comercializáveis a biodiversidade, a defesa do meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças etc.
É o apogeu do capitalismo total, capaz de mercantilizar até mesmo o nosso imaginário.

"Tudo que uma pessoa recebe, sem que tenha trabalhado, virá necessariamente do trabalho de alguém que não receberá por isso.
Um governo não pode dar algo a quem quer que seja, que este mesmo governo não tenha tirado antes de outra pessoa.
Quando metade da população de um país entende que não precisa trabalhar, porque a outra metade da população cuidará e proverá por ela, a metade que se vê obrigada a prover a outra entenderá que não adianta trabalhar, porque o fruto de seu labor não será seu.E esse, meu amigo, é o fim de qualquer nação.
Não há como multiplicar a riqueza pela subtração.
Não é possível legislar em prol da liberdade dos pobres, legislando de forma a cortar a liberdade dos ricos."



Dr. Adrian Rogers, 1931 - 2005

AS NOTÍCIAS QUE CHEGAM A VOCÊ


Laerte Braga

A idéia que somos um País ungido pelo mundo do capital e que aqui os investimentos externos serão capazes de gerar progresso e pelo progresso será construído um paraíso, é exatamente o que querem fazer que você acredite. Chegam pela telinha da tevê todos os dias e pelo resto da mídia, empenhada em vender o modelo "virgens por burros".

É que no Paquistão duas tribos entraram em choque por conta de idiossincrasias e ofensas religiosas gerando mortes ao longo de mais de dez anos, até que um tribunal decidisse que aqueles que, supostamente, provocaram o choque deveriam indenizar os provocados em virgens para casamentos. Em troca vão receber um número de burros equivalente ao número de virgens.

Mais ou menos como a explicação científica que ocupou páginas de uma revista dita de ciência, sobre a possibilidade de um pum pegar fogo. É que o pum libera gás metano e daí... É o fim da picada.

Tome cuidado quando tiver vontade não libere o metano perto de material de fácil combustão.
O mundo escatológico. Bizarro.

Nisso você não percebe que uma empresa como a VALE (antiga VALE DO RIO DOCE), privatizada no governo de FHC, está transformando o Brasil numa imensa plantação de eucalipto, ocupando espaços estratégicos para o desenvolvimento real e efetivo do País e ganhando a condição de nação autônoma dentro do Brasil, acima e a margem da lei.
Arranjam logo dois ou três generais para proclamar que a culpa é dos índios e que a segurança e integridade do território nacional estão ameaçadas pelos índios. A FIESP/DASLU, outro enclave autônomo dentro do Brasil, paga as passagens de ida e volta e libera as verbas para a publicidade do sabão em pó que tira manchas.

Sai cheio de manchas, mas a propaganda garante e você compra.

Ermírio Moraes ocupa um estado inteiro, o Espírito Santo, transforma-o em propriedade privada. Expulsa índios, quilombolas e trabalhadores rurais de suas terras, polui de um jeito tal que na região de Vitória alergias respiratórias são regra geral, mas é progresso.
Ou uma senhora montada na governadoria do Rio Grande do Sul, metendo a mão na grana pública, tucana de genética comprovada, a não dizer nada e continuar impune. O jornal, JORNAL DO BRASIL, vai estampar na manchete da notícia que ela pertence ao partido adversário, pois recebe grana dos tucanos. É comprado.

A Brigada Militar do Rio Grande Sul baixa o sarrafo em cidadãos que caminham pelas ruas exigindo explicações e investigações sobre a governadora tucana e corrupta (pleonasmo) em nome da lei e da ordem. Que ordem? A do direito de tomar o dinheiro do trabalhador para transformar em mansões de luxo, iates, etc? O direito constitucional de manifestar-se não existe para a Brigada (PM). Não aprendem isso na escola, nem sabem do que se trata. Aprendem apenas a baixar o porrete, pegar grana com o traficante, inventar BOPEs da vida e formar milícias para achacar pessoas acuadas em favelas.

Pior, o buraco do metrô em São Paulo. O laudo pericial concluiu que a responsabilidade é do consórcio de empresas que fez a obra, do descaso na fiscalização pelo governo do Estado (Covas, Alckmin e Serra), tudo movido a propinas da ALSTON, empresa sueca especialista em obras públicas compradas a governos corruptos, no caso os dois últimos e o atual governo de São Paulo (estado ocupado pelo reino FIESP/DASLU).

Ninguém ouviu Boris Casoy de volta no filme diário de terror que apresenta por uma das telinhas gritar "é uma vergonha". A vergonha dele termina onde começam os interesses dos que o pagam.

Na telinha e nas revistas e jornais só o que interessa ao tal progresso, o deles. O resto é lixo, ou como disse o principal comandante "militar" na guerra contra a Venezuela, diretamente do quartel general do PROJAC, "o padrão de telespectador do nosso jornal é igual ao Homer Simpson".

A macaca Chita, companheira de Tarzã naquele negócio de "me Tarzã, you Jane", é candidata, com abaixo assinado, a colocar as mãos na calçada da fama em Hollywood. Há indignação entre expressiva parcela da opinião pública pelo fato de Chita, 76 anos, não ter ainda sido agraciada com tal mimo.

Não existe alternativa nessa ordem deliberadamente desorganizada e podre.

O exemplo da macaca Chita é o de menos. Se levarmos em conta que a gente imagina que Silvester Stallone é considerado bípede e fala, a Chita é um prodígio. Que Arnold Schwarzenegger é o governador da Califórnia, o futuro de fato está exterminado.

Cerca de 300 manifestantes ocuparam as linhas da ferrovia Vitória__Minas impedindo os trens da VALE de circularem. É um protesto contra a devastação ambiental promovida pela empresa e pelo fantástico poder do que era patrimônio nacional e hoje é grupo privado, enclave autônomo dentro do Brasil.

A empresa alega, ao defender-se, que os "prejuízos causados", no caso a outras empresas, o consórcio de máfias da iniciativa privada que saqueia e ocupa o País, é de monta, ou seja, os "negócios" ficam afetados.

O consórcio de máfias que domina o País e o transforma o Brasil em Roça de Cana de fato e de verdade é exatamente o de grandes empresas como a VALE, a ARACRUZ, as empresas que dominam o mercado de alimentos, o latifúndio, os donos do agronegócio, tudo ao vivo e a cores, com padrão digital ou mentiras montadas em edições e edições de VEJA. Da FOLHA SÃO PAULO, do ESTADO DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, ÉPOCA, GLOBO, BANDEIRANTES, o conjunto afinado que toca a música todo dia, o dia inteiro, na tarefa de dizer a você que tome cuidado, o seu pum pode pegar fogo.

Já o Brasil, aquele País que existia na América do Sul, voltou a ser colônia de uma nova ordem internacional e marcha célere para o século XVIII.

Tudo no faz de conta do progresso. Não precisam nem implantar chip para domesticar o que William Bonner chama de Homer Simpson. É só chamar a PM, em qualquer Estado, baixar a borduna e depois mostrar os "desordeiros". Já roubar, desde que seja tucano ou esteja no esquema dos norte-americanos Mangabeira Unger e Henry Meireles, pode. Não pode é roubar galinha. Tem que ser o galinheiro inteiro.

Vai ter sempre um general gritando que é nacionalista e que os índios são os culpados.

Índios somos todos nós cara pálida. Estão trocando virgens por burros nas nossas caras.

É o progresso.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Gabriel, o pensador

"Eu vou prá longe
Onde não exista gravidade
Prá me livrar do peso
Da responsabilidade
De viver nesse planeta
Doente
E ter que achar
A cura da cabeça
E do coração da gente
Chega de loucura
Chega de tortura
Talvez aí no espaço
Eu ache alguma criatura
Inteligente
Aqui tem muita gente
Mas eu só encontro solidão
Ódio, mentira, ambição
Estrela por aí
É o que não faltaAstronauta!
A Terra é um planeta
Em extinção..."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Engenheiro e Arquiteto

Construí, até aqui, grandes obras. Não só, pois contei com a ajuda de muitos. Não falo de telas. Não falo de textos. Falo de obras primas essenciais ao longo da vida de uma pessoa.
Construí prédios imensos. Contarei um pouco da estória de cada um deles.
O primeiro, está de pé até hoje, devido a muitos fatores. Porém, o principal que o mantém lá, forte, imutável, foi o modo como sua base foi construída. Na produção desta imensa obra, contei com a ajuda de dois amigos. Chamam-se Fabrício e Kayan.
Tempos depois, encontrei outro amigo que me convidou para construir um outro edifício. De início, seria de apenas quatro andares. Porém, ao longo do tempo, fomos resolvendo aumentar esse edifício e acabou por se comparar ao que havia construído antes. Mais uma vez, sua base foi fortíssima, ele se mantém de pé até hoje, e irá permanecer por muito tempo. O amigo que me ajudou neste chama-se Marcos.
Tempos depois, encontrei duas pessoas que me convidaram a fazer parte de seu projeto. Pensei ser uma ótima oportunidade de conhecer novas pessoas, fazer novos amigos. A idéia inicial, diferente das minhas construções anteriores (visto que nos outros, a idéia inicial era apenas começar uma obra), era fazer um prédio enorme, incomparável no tamanho. Talvez tenha sido esse o erro principal. Mal conhecíamos as capacidades um do outro. Mas, mesmo assim, construímos o edifício. Não demorou muito e ele foi abaixo. Foi uma decepção quando descobri o resultado do laudo. Um dos que construíram comigo foi o mesmo que, com uma faca, fez uma rachadura na base. Nunca mais falei com eles. O bom dessa obra é que encontrei outra pessoa que teria as capacidades necessárias para se construir. Mas a obra que fiz com ela é mais pra frente.
Falarei agora de uma obra em que imaginei ser a mais forte de todas. Comecei a construção desde novo. Pensei ser a mais duradoura. Estive errado. Construí essa com um outro amigo que me parecia ser o melhor de todos. Mas há pouco descobri que, de fato, talvez tenha sido, por um longo período, mas não mais. Por não pôr uma peça que custava cerca de vinte mil reais, no qual era de sua responsabilidade colocá-la no local apropriado para dar sustentação ao edifício, a obra desmoronou.
Falarei agora, da obra que construí com a pessoa que encontrei após a queda do edifício G.J.. Encontrei essa pessoa meio desamparada, assim como eu estava após descobrir as façanhas que tinham sido tramadas na queda do prédio. Ela, repentinamente, me fez sentir vontade de convidá-la para construir uma casinha. Ao longo da construção, descobrimos que poderíamos fazer muito mais do que apenas uma casa. Decidimos criar um condomínio inteiro. O mais bonito que algum homem pudesse ver. Construímos.
Depois de construí-lo, decidimos então construir uma ponte. Sim, uma ponte. Essa ponte era de importância apenas para nós dois. Ligava duas cidades do Brasil. Uma era do Rio de Janeiro e a outra era do Rio Grande do Sul. Nota-se que seria uma obra imensa, porém disposição não nos faltou. Houve uma serie de problemas durante a construção, mas ela foi concluída. A ponte chamou-se Allou.
Hoje, recebi um laudo da obra. Nele constava que a ponte pode vir a se romper, mas as suas bases, suas grandes colunas feitas de concreto e aço jamais serão destruídas.
Por enquanto, outras obras estão em construção e parecem ter um grande futuro. Creio que ainda farei algumas grandiosas, mas não tanto quanto as que fiz com Fabrício, Kayan, Marcos e a Louisie. Acredito que as bases destas serão eternas enquanto vivermos.
Na nossa jornada, precisamos fazer estas obras para nos sentirmos completos. Precisamos de dois, como um arquiteto e um engenheiro, juntos. Espero que durante toda ela, eu me lembre da fórmula para construir bases tão poderosas. Pois, mesmo que seja mais fácil, castelos de baralho se abatem com uma simples brisa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009


Uma vez a minha mae me contou que Freud tinha um caderno e um lápis do lado da cama, assim ele podia anotar os sonhos antes que se esquecesse.

Preciso sériamente adaptar essa idéia. São todas as mil coisas escritas que surgem na minha cabeça antes de dormir, textos, posts, teses, artigos, livros...
tá, exagerei.
Me surge muita coisa naquele momento em que a gente perde o limite do ego e se encontra exposto a si mesmo, sem ninguem pra te julgal além dos seus prórpios conceitos.
É raro eu me encontrar numa situação dessas.

Antes as minhas cenas pré-sono eram filminhos, imagens, cores...
Durante a pré-adolescencia teve bastante sexo e afins.
Hoje são produções literárias definitivamente não escritas.

Mas eu vivo bem sem literatura própria.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

As vezes eu sempre começo o que eu escrevo com às vezes.


É por que nada é permanete, nada é imutável... tudo só acontece de vez em quando, depis desacontece.


Pelo menos comigo é assim


E aí bem no meio dessa mudamça a gente fica com uma sensação engracada, uma cosquinha no bum bumhehe
tá chega disso.


hoje não é o meu melhor dia para me dedicar à escrita



ppppppffffffffffff

domingo, 25 de janeiro de 2009

Sério mesmo, vô?

-Vovô, vovô!
-Pedro, meu querido neto! Como você está? Cada dia que passa você fica mais bonito!
-Deixa de ser coruja, vovô! As meninas não acha isso!
-Não ligue para isso, por enquanto. Curta a sua infância. Diga-me, veio me visitar ou está se escondendo?
-Um pouco dos dois! Queria te fazer umas perguntas!
-Estou a sua disposição!
-É que assim, na escola me falaram que antigamente, aqui era tudo diferente de hoje. É verdade vovô?
-Ora, Pedrinho! É claro que é verdade! Quer saber como as coisas eram por aqui antigamente?
-Claro! Me conta tudo, sô!
-Pois bem. Antigamente, ouvia-se falar que um dia o clima poderia mudar e as coisas se inverterem. Ninguém nunca deu muita bola pra isso, pois parecia impossível. Porém, durante muitos anos as coisas foram mudando. Isso aqui era uma terra abandonada. Ninguém queria vir morar aqui e as pessoas que viviam não levavam uma boa vida. Aqui fazia muito calor e o povo que habitava essa terra era necessitado.
-Nossa, vovô! Mudou mesmo! Hoje só os mais ricos têm casas aqui!
-Não foi só isso que mudou, Pedrinho! Tem mais história!
-Termina então, sô!
-Então, como eu ia dizendo, aqui fazia muito calor. Foi assim durante séculos. Depois de um tempo o clima começou a mudar. O que acontece aqui hoje, só acontecia em algumas partes do mundo.
-Que doideira, sô!
-É, meu neto! Mas você não ouviu a parte mais louca da história!
-Então conta, sô!
-Essa terra aqui que você nasceu recebia outro nome. Aqui era chamado de sertão do Brasil.
-Nossa senhora, vô! Mas que coisa doida, sô!
-Pois é, Meu neto. É o mundo de hoje!
-Tenho certeza de que o sinhô tem muita história pra contar, mas eu vou me indo. Tá nevando mais fraco agora. Vou lá chamar o Sebastião e a Terezinha pra fazer boneco de neve.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nada pode prosperar

"Todo dia é o mesmo dia
A vida é tão tacanha
Nada novo sobre o sol

Tem que se esconder no escuro
Quem no sol se banha
Por debaixo do lençol

Nessa terra a dor é grande
A ambição pequena
Carnaval e futebol

Quem não finge, quem não mente
Quem mais goza e pena
É quem serve de farol

Existe alguém em nós
De muitos dentre nós, esse alguém
Que brilha mais do que milhões de sóis

E que a escuridão conhece também

Existe alguém aqui, no fundono mundo
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim

Toda noite é a mesma noite
vida é tão estreita
Nada de novo ao luar

Todo mundo quer saber
Com quem você se deita
ada pode prosperar

É Domingo, é feriado
É sete de Setembro
Futebol e carnaval

Nada muda, tudo
onde eu me lembro
Numa dor que é sempre igual

Existe alguém em nós..."

- A Luz de Tieta

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tem gente que...

Das reflexões a respeito do que vivi e do que vi, cheguei a algumas conclusões, ainda que não tenha vivido lá muito tempo...
Cada pessoa que nasce tem um objetivo na vida, mesmo que não seja um objetivo próprio.
Tem gente que nasceu pra cultivar o mal e gente que nasceu pra cultivar o bem, e assim, equilibrar o mundo.(ainda que pareça estranho se falar de equilíbrio entre bem e mal). Tem gente que nasceu pra viver a vida dos outros. Tem gente que nasceu pra viver feliz e suas vidas virarem novelas. Tem gente que nasceu pra morrer cedo e ensinar alguma coisa pra outra pessoa.
Tem gente, até mesmo, que nasceu só pra se fuder. Nasceu pra servir de exemplo pras pessoas que nasceram pra reclamar da vida. Nasceram pra servir de experiência na vida das pessoas que nasceram pra ficar idosas e contar pros seus netos como era a vida antes. Nasceram para que os que nasceram pra viver bem vejam como a vida pode ser um grande amontoado de merda. Nasceram pra criar as músicas tristes e receberem a fama de quem vê a vida de outra forma.

Ninguém me perguntou qual desses eu queria ser...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

“...o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”

João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas