domingo, 22 de novembro de 2009

35 anos.

Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro ao Amazonas, tenho grandes amizades, amores e histórias espalhadas. A cada carga, uma nova história que dispensava previsões e certezas.
Durante 35 anos rodei todos os estados desse meu Brasil, conheci todas as etnias que o país abriga. Conheci todo tipo de gente, todo tipo de personalidade e vi muita coisa que muita gente não gostaria nem de saber que acontece ou que existe. Tantas mortes eu vi pelo vidro entreaberto da porta do meu caminhão e de tão variadas formas que chega a parecer cinema. Conheci pessoas que eu daria tudo para manter sempre perto de mim e outras que gostaria de nem ter conhecido. Apaixonei-me por algumas baianas, cariocas, paulistanas, mas nenhum amor foi tão grande quanto o que tive por uma gaucha. Ah, seu cabelo loiro e aquele rosto branco quase pálido, aquela aparência de mistura italiana com brasileiro. Até hoje, machuca-me a idéia de não poder tê-la feito minha esposa.
Ao longo do tempo, minhas amizades de infância foram se distanciando até que perdi total contato. Doía todas as noites solitárias que passei nas estradas, correndo contra o tempo para manter meu nome de bom caminhoneiro. Mas essa dor era sufocada pela alegria de ver tanta coisa boa por esse Brasil a fora. Desvendei as mais belas e inexploradas áreas de todo o país. Vivi de perto a correria das grandes cidades. A violência do Rio, a poluição de São Paulo. Conheci a simpatia e a malandragem do carioca, a alegria e o stress do paulistano, o gosto pelo churrasco e o mau humor do gaucho, o gênio forte e disposto do nordestino, o jeito recatado e bravo de algumas tribos indígenas e por aí vai.
Conhecer pessoas novas em cada lugar era uma coisa que se equilibrava em cada característica boa e ruim delas. Às vezes eu me sentia o homem mais feliz do mundo, mas em outras ocasiões, me sentia um lixo de pessoa. Por esse motivo, a minha felicidade se fez estável em cada coisa que vi na natureza desse meu Brasil! As praias mais movimentadas do litoral que me traziam a paz no barulho das ondas, a beleza e simplicidade inexploradas e discriminadas do sertão nordestino, a fauna e flora brasileira que presenciei no verde da região norte e todo o resto que é impossível descrever em umas poucas e resumidas linhas.
Talvez a minha solidão resumida a café e estrada tenha sido pouco para o que chamamos de viver, mas me orgulho de ter descoberto no país das contradições o que eu descobri, ter vivido a emoção de cada amanhecer e cada pôr-do-sol na estrada.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lenda Sioux

Conta uma lenda dos índios Sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:

_ Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

_ Há uma coisa a fazer, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia com apenas uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!

Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as do saco e constatou que eram verdadeiramente os formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.

_ E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.

_ Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.

Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade de vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar. Então o velho disse:

_ Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.
Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissionais. Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente as pessoas livres serão capazes de amá-lo como você quer e merece. Respeite também as suas vontades e voe em direção às realizações da sua vida. Tenho certeza que, ao ser livre, você encontrará pessoas felizes que adorarão voar ao seu lado.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"O tempo vai passar
E tudo vai entrar
No jeito certo
De nós dois...

As coisas são assim
E se será, que será
Pra ser sincero
Meu remédio é
Te amar, te amar...

Não pense, por favor
Que eu não sei dizer
Que é amor tudo
O que eu sinto
Longe de você..."

Marisa Monte
"Quero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

Sereia bonita descansa teus braços em mim
Eu quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira em minha metade de volta"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Unchained Melody

'Oh.....
My love, my darling
I've hungered for your touch,
a long, lonely time
Time goes by, so slowly
and time can do so much
Are you
still mine?
I need your love,
I need your love
God speed your love, to me

Lonely rivers flow,
to the sea, to the sea
To the open arms
of the sea
Lonely rivers cry,
wait for me, wait for me
I´ll be coming home
wait for me

My love, my darling,
I've hungered for your kiss
Are you still mine?
I need your love,
I need your love
God, speed your love, to me'

Elvis Presley

=')

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Carlos

Ele contou:
‘Notei algo diferente nela há tempos. Era estranho, sabe? Ela nunca comia, sempre colocava a comida dela e ela deixava no prato. Não me ajudava mais nos serviços de casa, não era muito de falar também na presença de outra pessoa que não fosse eu. Às vezes, pedia sua ajuda em algo e ela simplesmente me ignorava. Deixava pra lá, afinal, sabia que aquele estanho comportamento poderia ser resultado de algum trauma sofrido naquele acidente. Desde aquela época ela parece outra pessoa, sabe? Como se estivesse em outro mundo. Fica sempre ao meu lado, me faz companhia em tudo. Alias, devo muito a ela! Se não fosse nosso amor e ela ao meu lado, não sei o que seria da minha vida. Estou aposentado, meus filhos já estão grandes e formados. Se ela realmente tivesse morrido naquela batida como aquele médico incompetente havia me informado, meu coração teria morrido junto com ela. Mas não, ela logo se curou e antes de mim até. Ficava comigo no meu quarto enquanto eu estava de cama. Na verdade, ela nem podia ficar lá, mas sempre dava um jeito e quando a enfermeira entrava, ela se escondia! Ninguém nem viu ela no hospital depois que ela melhorou, mas é porque ela ficava comigo e sempre teve cuidado pra não ser pega.
Sabe, não sei nem o que estou fazendo aqui. Só decidi vir porque nosso filho, Pedro, insistiu. Ele disse que me faria bem, mas acho que seria melhor se minha esposa viesse. Mas se ele me mandou vir, eu devo ter algo. O que você acha, doutor?’
Deixei de lado minha ética profissional. Não tinha o direito de tirar aquela realidade de sua cabeça. Então, respondi:
‘Eu acho, Carlos, que o amor ultrapassa os limites da vida. Volte para casa, sua esposa te espera lá fora.’
Ao sair da sala, Carlos fez um gesto no ar como se estivesse a acariciar o cabelo de uma mulher e a beijar sua testa. Consegui ler seus lábios e ele dizia:
‘Eu te amo. Está tudo bem agora, vamos embora.’
Fechei a porta do consultório e, emocionado, chorei.

domingo, 20 de setembro de 2009

Setembro.

'Wake Me Up When September Ends'

Para evitar dores vindas da minha memória.