O silêncio que fala
O homem, em sua forma mais primitiva, expressava-se com uma linguagem pouco aprimorada. O corpo, a priori, cumpria diversas funções comunicacionais, já que a escrita era rudimentar. Hoje, o mesmo assume outras possibilidades expressivas diante da evolução da linguagem. Assim, essa tende a transmitir cultura, tendências e até mesmo paradoxos comportamentais. O corpo fala várias línguas.
Na grécia antiga o corpo era o templo que ilustravaos principais valores da época, como proporcionalidade, agilidade e frugalidade. Na contemporaneidade, é dado um foco excessivo à forma, o que deturpa os fins comunicativos do corpo. Embora pareca determinista, as possobilidades de leitura das linguagem corporais ficam limitadas à manipulação involutiva da estética. Muito músculo e pouco cérebro deixa o corpo grego analfabeto. O corpo está para a perfeição.
Diante dessa lógica, há um superexploração midiática da sensualidade. Nesse sentido, toda a libidoque foi maquiada volta à cena por meio de uma apelação excessiva. Essa revela que o homem exteriorizou seus desejos, utilizando seu corpo comoinstrumento de exposição desmesurada. A forma humana, então, é estimulada com um investimeno para a obtenção do retorno aos prazeres instintivos mais primitivos. O corpo está para a cultura da sexualidade.
Antagonicamente, pode-se observar uma grande distância entre o ato e a verdadeira intenção de quem o produziu. Em uma realidade de fluidez dos valores morais, uma expressão acaba por ser relativizada, repercurtindo em resultados distintos a que foram reservados. Um aperto de mão não é mais garantia de lealdade, desnorteando a compreensão humana dessas representações. O corpo está para a cultura da incerteza.
Não há, dessa forma, uma gama de possibilidades de interpretação do que o corpo expressa,pois essa está restrita a um leque de opções manipulador da sociedade. Em um passado remoto, as expressões corporais eram marcadas por uma espontaneidade simplista. Hoje, são tomadas por artificialismos de intentos e ausência de princípios. A autemticidade deixou de ser característica. O corpo cala.