domingo, 25 de janeiro de 2009

Sério mesmo, vô?

-Vovô, vovô!
-Pedro, meu querido neto! Como você está? Cada dia que passa você fica mais bonito!
-Deixa de ser coruja, vovô! As meninas não acha isso!
-Não ligue para isso, por enquanto. Curta a sua infância. Diga-me, veio me visitar ou está se escondendo?
-Um pouco dos dois! Queria te fazer umas perguntas!
-Estou a sua disposição!
-É que assim, na escola me falaram que antigamente, aqui era tudo diferente de hoje. É verdade vovô?
-Ora, Pedrinho! É claro que é verdade! Quer saber como as coisas eram por aqui antigamente?
-Claro! Me conta tudo, sô!
-Pois bem. Antigamente, ouvia-se falar que um dia o clima poderia mudar e as coisas se inverterem. Ninguém nunca deu muita bola pra isso, pois parecia impossível. Porém, durante muitos anos as coisas foram mudando. Isso aqui era uma terra abandonada. Ninguém queria vir morar aqui e as pessoas que viviam não levavam uma boa vida. Aqui fazia muito calor e o povo que habitava essa terra era necessitado.
-Nossa, vovô! Mudou mesmo! Hoje só os mais ricos têm casas aqui!
-Não foi só isso que mudou, Pedrinho! Tem mais história!
-Termina então, sô!
-Então, como eu ia dizendo, aqui fazia muito calor. Foi assim durante séculos. Depois de um tempo o clima começou a mudar. O que acontece aqui hoje, só acontecia em algumas partes do mundo.
-Que doideira, sô!
-É, meu neto! Mas você não ouviu a parte mais louca da história!
-Então conta, sô!
-Essa terra aqui que você nasceu recebia outro nome. Aqui era chamado de sertão do Brasil.
-Nossa senhora, vô! Mas que coisa doida, sô!
-Pois é, Meu neto. É o mundo de hoje!
-Tenho certeza de que o sinhô tem muita história pra contar, mas eu vou me indo. Tá nevando mais fraco agora. Vou lá chamar o Sebastião e a Terezinha pra fazer boneco de neve.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nada pode prosperar

"Todo dia é o mesmo dia
A vida é tão tacanha
Nada novo sobre o sol

Tem que se esconder no escuro
Quem no sol se banha
Por debaixo do lençol

Nessa terra a dor é grande
A ambição pequena
Carnaval e futebol

Quem não finge, quem não mente
Quem mais goza e pena
É quem serve de farol

Existe alguém em nós
De muitos dentre nós, esse alguém
Que brilha mais do que milhões de sóis

E que a escuridão conhece também

Existe alguém aqui, no fundono mundo
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim

Toda noite é a mesma noite
vida é tão estreita
Nada de novo ao luar

Todo mundo quer saber
Com quem você se deita
ada pode prosperar

É Domingo, é feriado
É sete de Setembro
Futebol e carnaval

Nada muda, tudo
onde eu me lembro
Numa dor que é sempre igual

Existe alguém em nós..."

- A Luz de Tieta

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tem gente que...

Das reflexões a respeito do que vivi e do que vi, cheguei a algumas conclusões, ainda que não tenha vivido lá muito tempo...
Cada pessoa que nasce tem um objetivo na vida, mesmo que não seja um objetivo próprio.
Tem gente que nasceu pra cultivar o mal e gente que nasceu pra cultivar o bem, e assim, equilibrar o mundo.(ainda que pareça estranho se falar de equilíbrio entre bem e mal). Tem gente que nasceu pra viver a vida dos outros. Tem gente que nasceu pra viver feliz e suas vidas virarem novelas. Tem gente que nasceu pra morrer cedo e ensinar alguma coisa pra outra pessoa.
Tem gente, até mesmo, que nasceu só pra se fuder. Nasceu pra servir de exemplo pras pessoas que nasceram pra reclamar da vida. Nasceram pra servir de experiência na vida das pessoas que nasceram pra ficar idosas e contar pros seus netos como era a vida antes. Nasceram para que os que nasceram pra viver bem vejam como a vida pode ser um grande amontoado de merda. Nasceram pra criar as músicas tristes e receberem a fama de quem vê a vida de outra forma.

Ninguém me perguntou qual desses eu queria ser...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

“...o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”

João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas