quinta-feira, 12 de março de 2009

AS NOTÍCIAS QUE CHEGAM A VOCÊ


Laerte Braga

A idéia que somos um País ungido pelo mundo do capital e que aqui os investimentos externos serão capazes de gerar progresso e pelo progresso será construído um paraíso, é exatamente o que querem fazer que você acredite. Chegam pela telinha da tevê todos os dias e pelo resto da mídia, empenhada em vender o modelo "virgens por burros".

É que no Paquistão duas tribos entraram em choque por conta de idiossincrasias e ofensas religiosas gerando mortes ao longo de mais de dez anos, até que um tribunal decidisse que aqueles que, supostamente, provocaram o choque deveriam indenizar os provocados em virgens para casamentos. Em troca vão receber um número de burros equivalente ao número de virgens.

Mais ou menos como a explicação científica que ocupou páginas de uma revista dita de ciência, sobre a possibilidade de um pum pegar fogo. É que o pum libera gás metano e daí... É o fim da picada.

Tome cuidado quando tiver vontade não libere o metano perto de material de fácil combustão.
O mundo escatológico. Bizarro.

Nisso você não percebe que uma empresa como a VALE (antiga VALE DO RIO DOCE), privatizada no governo de FHC, está transformando o Brasil numa imensa plantação de eucalipto, ocupando espaços estratégicos para o desenvolvimento real e efetivo do País e ganhando a condição de nação autônoma dentro do Brasil, acima e a margem da lei.
Arranjam logo dois ou três generais para proclamar que a culpa é dos índios e que a segurança e integridade do território nacional estão ameaçadas pelos índios. A FIESP/DASLU, outro enclave autônomo dentro do Brasil, paga as passagens de ida e volta e libera as verbas para a publicidade do sabão em pó que tira manchas.

Sai cheio de manchas, mas a propaganda garante e você compra.

Ermírio Moraes ocupa um estado inteiro, o Espírito Santo, transforma-o em propriedade privada. Expulsa índios, quilombolas e trabalhadores rurais de suas terras, polui de um jeito tal que na região de Vitória alergias respiratórias são regra geral, mas é progresso.
Ou uma senhora montada na governadoria do Rio Grande do Sul, metendo a mão na grana pública, tucana de genética comprovada, a não dizer nada e continuar impune. O jornal, JORNAL DO BRASIL, vai estampar na manchete da notícia que ela pertence ao partido adversário, pois recebe grana dos tucanos. É comprado.

A Brigada Militar do Rio Grande Sul baixa o sarrafo em cidadãos que caminham pelas ruas exigindo explicações e investigações sobre a governadora tucana e corrupta (pleonasmo) em nome da lei e da ordem. Que ordem? A do direito de tomar o dinheiro do trabalhador para transformar em mansões de luxo, iates, etc? O direito constitucional de manifestar-se não existe para a Brigada (PM). Não aprendem isso na escola, nem sabem do que se trata. Aprendem apenas a baixar o porrete, pegar grana com o traficante, inventar BOPEs da vida e formar milícias para achacar pessoas acuadas em favelas.

Pior, o buraco do metrô em São Paulo. O laudo pericial concluiu que a responsabilidade é do consórcio de empresas que fez a obra, do descaso na fiscalização pelo governo do Estado (Covas, Alckmin e Serra), tudo movido a propinas da ALSTON, empresa sueca especialista em obras públicas compradas a governos corruptos, no caso os dois últimos e o atual governo de São Paulo (estado ocupado pelo reino FIESP/DASLU).

Ninguém ouviu Boris Casoy de volta no filme diário de terror que apresenta por uma das telinhas gritar "é uma vergonha". A vergonha dele termina onde começam os interesses dos que o pagam.

Na telinha e nas revistas e jornais só o que interessa ao tal progresso, o deles. O resto é lixo, ou como disse o principal comandante "militar" na guerra contra a Venezuela, diretamente do quartel general do PROJAC, "o padrão de telespectador do nosso jornal é igual ao Homer Simpson".

A macaca Chita, companheira de Tarzã naquele negócio de "me Tarzã, you Jane", é candidata, com abaixo assinado, a colocar as mãos na calçada da fama em Hollywood. Há indignação entre expressiva parcela da opinião pública pelo fato de Chita, 76 anos, não ter ainda sido agraciada com tal mimo.

Não existe alternativa nessa ordem deliberadamente desorganizada e podre.

O exemplo da macaca Chita é o de menos. Se levarmos em conta que a gente imagina que Silvester Stallone é considerado bípede e fala, a Chita é um prodígio. Que Arnold Schwarzenegger é o governador da Califórnia, o futuro de fato está exterminado.

Cerca de 300 manifestantes ocuparam as linhas da ferrovia Vitória__Minas impedindo os trens da VALE de circularem. É um protesto contra a devastação ambiental promovida pela empresa e pelo fantástico poder do que era patrimônio nacional e hoje é grupo privado, enclave autônomo dentro do Brasil.

A empresa alega, ao defender-se, que os "prejuízos causados", no caso a outras empresas, o consórcio de máfias da iniciativa privada que saqueia e ocupa o País, é de monta, ou seja, os "negócios" ficam afetados.

O consórcio de máfias que domina o País e o transforma o Brasil em Roça de Cana de fato e de verdade é exatamente o de grandes empresas como a VALE, a ARACRUZ, as empresas que dominam o mercado de alimentos, o latifúndio, os donos do agronegócio, tudo ao vivo e a cores, com padrão digital ou mentiras montadas em edições e edições de VEJA. Da FOLHA SÃO PAULO, do ESTADO DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, ÉPOCA, GLOBO, BANDEIRANTES, o conjunto afinado que toca a música todo dia, o dia inteiro, na tarefa de dizer a você que tome cuidado, o seu pum pode pegar fogo.

Já o Brasil, aquele País que existia na América do Sul, voltou a ser colônia de uma nova ordem internacional e marcha célere para o século XVIII.

Tudo no faz de conta do progresso. Não precisam nem implantar chip para domesticar o que William Bonner chama de Homer Simpson. É só chamar a PM, em qualquer Estado, baixar a borduna e depois mostrar os "desordeiros". Já roubar, desde que seja tucano ou esteja no esquema dos norte-americanos Mangabeira Unger e Henry Meireles, pode. Não pode é roubar galinha. Tem que ser o galinheiro inteiro.

Vai ter sempre um general gritando que é nacionalista e que os índios são os culpados.

Índios somos todos nós cara pálida. Estão trocando virgens por burros nas nossas caras.

É o progresso.

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