-Senta aqui, minha filha. Por que você está com essa carinha triste?
-A pai, sinto-me mal. Eu faço tudo errado, estou perdendo meus amigos, minhas amigas. Parece que tudo dá errado às vezes.
-Eu entendo. Gostaria de lhe contar uma coisa que me ocorreu há mais de 20 anos atrás.
-Certa vez, no início da minha oitava série, eu marquei de ir com a turma ao cinema e depois passear para nos conhecermos melhor e melhorar a relação de todos na sala. Havia um menino novo que era meio esquisito, calado, tímido. Ele me chamou atenção. Fazia o estilo dos famosos nerds que são zoados o tempo inteiro.
Ao iniciar o filme, prestei atenção na atitude de todos para poder ter uma idéia de como as pessoas reagiriam às situações propostas pelos acontecimentos do filme. Ele se baseava na história de uma mãe que aparentemente, odiava o filho. Ela o espancava. Forçava o menino a trabalhar. Enfim, passava uma imagem de vilã durante toda a estória.
No final do filme, a mãe e o filho voltavam para casa andando e ao passar por um super mercado se depararam com um assalto. O dono da loja havia reagido e os assaltantes abriram fogo. Por azar, uma bala saiu de dentro da loja e atingiu o menino. Ele morreu. A mãe ficou sozinha e estava a esperar um outro filho de um pai desconhecido.
Todos odiaram o filme. Saíram chorando, e com raiva da estória terminar com a mãe que era a grande ‘vilã’ viva e o menino morto. Menos o tal do nerd, pois estava a sorrir. Curioso e a fim de puxar assunto, fui perguntar a ele se havia gostado do filme, pois era o único diferente do grupo, fora eu que não havia prestado muita atenção, pois me dedicava a olhar apenas os novos amigos. Ele abriu um sorriso e disse:
-Ora, meu caro. Estou sorrindo porque o filme me deu uma grande lição de vida.
Com isso, perguntei:
-Ora, mas qual lição pode-se tirar de um filme tão brutal quanto esse?
Ele sorriu e disse:
-Há sempre uma nova chance para melhorarmos, meu amigo.
Meses depois ele se mudou para outra cidade e nunca mais o vi.
Não sei se irá te ajudar, mas só gostaria que soubesse.
-Obrigado, pai.
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